A Gazeta do Middlesex

A Musa de Oxford

15/2/2014

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                                         A MUSA DE OXFORD

                                     www.oxfordmuse.com




Theodore Zeldin é um prestigiado filósofo, sociólogo e historiador britânico com uma distinta carreira académica a maior parte da qual passada na Universidade de Oxford onde durante treze anos foi reitor do St. Antony's College. Tem uma vastíssima obra públicada da qual se destaca a sua “História Intima da Humanidade” traduzida em mais de vinte línguas, e devida à qual o seu Autor ganhou o prémio Wolfson, a maior distinção académica para obras de investigação histórica.




Possuído por uma insaciável curiosidade intelectual o Prof. Zeldin muito cedo se interessou pelo fenómeno da Internet e  como esta poderia ser usada para aproximar pessoas de várias culturas, quebrando a barreira do desconhecimento mutuo e fazendo diminuir a desconfiança e a hostilidade entre as diversas civilizações.



E um dia, já no distante ano de 2001, enquanto andava pelas ruas de Oxford meditando no total desconhecimento que as pessoas tinham umas das outras, muito embora vivessem cruzando-se diáriamente, teve então a ideia de criar um site onde pudesse promover  encontros entre desconhecidos e dessa inspiração nasceu “A Musa de Oxford”.




As Musas da mitologia não ensinavam, não ditavam leis, e esse espirito de liberdade deveria estar presente em todas as iniciativas futuras e o primeiro projecto foi convidar os leitores a comporem livremente, mas com transparencia e honestidade, um  “auto-retrato” no qual contassem as suas experiencias de vida, permitindo aos outros reconhecer nessas histórias a sua própria condição humana.




E as respostas começaram a surgir, formando o que é hoje uma fascinante colecção de auto-retratos que nos dá a conhecer intimamente os seres humanos que escreveram ensaios pessoais com titulos tais como :







O que um filósofo doente mental pensa dos seus médicos




Como uma cabeleireira satisfaz a sua necessidade de perfeição




Como um especialista em incontinência vence os obstáculos e dá de comer às formigas




Como o Presidente de um dos Colégios da Universidade de Oxford aprecia a sua vida




Como um tumor cerebral pode mudar a sua vida ou não ter qualquer efeito




Como um Padre católico irlandês se tornou mecanico de automóveis




Como voltar a viver depois da morte de um filho




Como o tomar conta de uma criança fez com que um doente com cancro pensasse no futuro




Como sobreviver a um sistema de educação que ensina aborrecimento e conformidade




Como um especialista argentino em vida selvagem acredita que o sorriso é uma linguagem Universal




Como um especialista em bioética depois de ler Wittgenstein foi esquiar







Em breve a “Musa”, tendo crescido para além de todas as expectativas do Prof. Zeldin, teve de se adaptar às novas condições mudando os moldes de funcionamento passando a ser o que é hoje, uma Fundação reconhecida em vários países e em que o trabalho é feito por grupos de voluntários e de estudantes da Universidade.

Qualquer um pode ser membro, e não são cobradas inscrições nem subscrições de qualquer género. Nada é obrigatório, mas a Fundação dá apoio a quem quiser realizar, independentemente do país, alguns dos seus eventos.




Um dos que tem mais sucesso são os chamados “Jantares de Conversa” e que se têm realizado um pouco por todo o mundo:




Nas mesas além do menú normal é fornecido um menú de conversa, parecido com o primeiro e onde estão listados 25 tópicos de discussão, (escolhidos de uma lista com mais de quatrocentos). Naquilo que não é um jogo, um dos participantes de cada mesa escolhe o primeiro que uma vez esgotado é substituído por outro e assim sucessivamente até ao fim do menú. Os convivas não se conhecem préviamente, mas a conversa torna-se rápidamente animada e se o normal é o “jantar de conversa” durar umas duas horas já tem sucedido ultrapassarem as sete. No final os que participaram pela primeira vez normalmente confessam nunca terem pensado experimentar momentos tão memoráveis, e espantam-se em como foi possivel ter ficado a conhecer estranhos tão bem apenas no tempo que dura um jantar,  e onde se discutiram assuntos tão díspares como a amizade, ambição, medos, esperanças, outras culturas e civilizações, igualdade entre os sexos ou diferentes orientações sexuais,etc, etc.




Estes eventos destinam-se áqueles que estão interessados em saber em como outras pessoas vêem o mundo, numa troca de pontos de vista sobre o que cada um acha ser realmente importante. Aos comensais não é pedido que tragam certezas ou erudição, mas sim que sejam portadores de curiosidade intelectual. Não se pretende juntar pessoas com percursos de vida similares ou que tenham compatibilidade de feitios ou opiniões. O que se oferece a cada participante é a oportunidade de establecer conversas inteligentes com quem de outra forma não teriam hipótese de conhecer no decurso normal da sua vida , derrubando as barreiras que limitam o nosso convivio aos que nos são próximos fisica ou profissionalmente.




Estes jantares já se realizaram em Hyde Park e em St. James Park no Verão, quando as idiossincrasias deste clima dão alguma esperança de bom tempo, mas também já tiveram lugar de Beijing a Joanesburgo, de Istanbul a Montreal. Portanto pergunta-se : porque não em Portugal ?

Alguns blogs com elevado numero de seguidores poderiam lançar a ideia com sucesso garantido, ainda mais agora quando tanta gente se sente só, entregue à tristeza de um futuro pouco risonho.




                                                                      ******




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Alcina
15/2/2014 06:07:07 pm

Parece-me uma ideia muito interessante.

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