A Gazeta do Middlesex

A Teoria do Consenso

17/8/2016

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                                   A TEORIA DO CONSENSO



É a que defende que uma sociedade funciona tanto melhor quanto as suas normas e valores são livremente obedecidas por serem sentidas como integrantes e não coercivas e na qual as mudanças devem acontecer lentamente. Para os adeptos dessa sociedade ideal tudo está bem, e por isso não se vê necessidade em questionar o status quo. Ao contrário, os apologistas da teoria do conflito insistem que para que a sociedade avance é necessário que o faça aos repelões, com crises agudas e por vezes violentas.

Onde está a razão não me cabe a mim apontar, mas de uma coisa tenho a certeza: Aqui, nesta minha Pátria adoptiva, depois do Brexit consenso é que não há.
Famílias que se dividiram, antigas amizades que terminaram abruptamente, encontra-se de tudo e em Inglaterra, (a Escócia votou massivamente pela UE), a fractura é de alto abaixo.
A falta dele, do consenso, começa quando se discute a quem cabem as culpas pela vitória do Brexit:

Para muitos foi o voto das classes trabalhadoras, da populaça, dos ignorantes, do riff-raff ou, entre os muitos epítetos que as classes altas costumam chamar aos que estão na base da pirâmide social, the great unwashed.

Olhando para o mapa dos resultados a teoria parece ter alguma consistência, tendo obtido os Brexiteers as suas maiores votações nessas zonas mais carenciadas, tendo o campo do Remain obtido o melhor resultado de todo o país em ... Cambridge. Aliás a lógica parece ter fugido para bem longe no momento da votação: O País de Gales, certamente um dos sítios mais dependentes dos subsídios da UE, que eram aí dos mais elevados em qualquer país da União especialmente na agricultura, votou pela saída, e mesmo a cidade de Hull, a futura Capital Europeia da Cultura em 2017, com tudo que isso significa em investimentos de Bruxelas, seguiu o mesmo caminho.

O dedo acusador aponta também para Boris Johnson e sequazes, os líderes do Brexit, os quais que com as suas mentiras, que foram muitas e descaradas, iludiram tanta gente. A sua estratégia, de grande simplicidade, revelou-se de extrema eficácia: Tudo o que pudesse ser dito, todos os factos em favor da permanência na UE não passavam de uma tentativa para amedrontar o povo, e as opiniões dos chamados “especialistas” não mereciam qualquer crédito.

É verdade que a cotação desses “especialistas” tinha baixado dramaticamente devido ao seu papel na crise, e ficou famosa a pergunta que a propósito Rainha fez aos altos dirigentes do Banco de Inglaterra quando em Dezembro de 2012 fazia uma visita oficial à instituição: “As pessoas, os chamados reguladores, foram...um pouco descuidados, não foram ? “
A estupefacção foi geral, (a televisão transmitiu em directo), e a resposta de Sujit Kapadia, um dos administradores presentes, ficou nos Anais da História Económica ao oferecer à Soberana uma explicação segundo a qual a crise tinha sido um evento inesperado que, tal como um tremor de terra, era impossível de prever…

Mas finalmente o Sol voltou a brilhar para os ditos “especialistas”: A saída da UE e a necessidade de negociar novos tratados económicos sabe-se lá com quantos países faz com que estejam outra vez na mó de cima: Não tendo a administração publica os recursos humanos para tão gigantesca tarefa as estimativas apontam para a necessidade de contratar centenas, com os honorários de cada variando entre as 1.000 e as 5.000 libras diárias, o que signfica uma despesa para o erário publico durante a próxima década nunca inferior a 5 biliões de libras.

É caso para dizer que quem ri por último ri melhor.




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