A Gazeta do Middlesex

Aforismos sobre o Amor e Ódio

2/8/2016

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                           AFORISMOS SOBRE O AMOR E O ÓDIO



O engano entre quem sofre e quem faz sofrer


“Quando o homem rico se apossa de algo pertencente ao homem pobre, (por exemplo quando um príncipe rouba a um plebeu a sua amada), este equivoca-se. Ele pensa que o rico tem de ser um malvado para lhe tirar o pouco que tem. Mas o rico não conhece tão intensamente o valor de algo em particular, habituado como está em possuir tantas coisas. Não conseguindo o rico por-se no lugar do pobre logo não comete uma tão grande injustiça como a que é sentida por este. Cada um tem uma falsa ideia do outro. As injustiças dos poderosos, aquelas que maior revolta nos causam ao longo da História, não são tão grandes como parecem. É simplesmente o sentimento que se herdou de se ser superior, de se terem mais altos desígnios, sentimento esse que arrefece a alma e deixa a consciência em paz. Na verdade ninguém sente algo parecido com injustiça quando existe uma grande diferença entre nós próprios e outro ser. Matamos um mosquito, por exemplo, sem qualquer remorso. É por isso que não existe maldade em Xerxes, ( o qual era tido mesmo pelos Gregos como sendo excepcionalmente nobre), quando este tira um filho ao pai e manda que seja cortado em pedaços, apenas pelo pai ter expressado duvidas sobre o modo em como a campanha militar estava a ser conduzida. Neste caso é um ser humano que é eliminado como se fosse um insecto incomodo; é demasiado insignificante para que lhe seja permitido continuar a causar sentimentos desagradáveis a um senhor do mundo. Na verdade nenhum homem é tão cruel como a vitima acredita. Ter uma ideia da dor não é o mesmo que senti-la. É o que se passa com um juiz iníquo e um jornalista que engana a opinião pública com as suas pequenas desonestidades. Em ambos causa e efeito são experimentados em diferentes modos de pensamento e sentir; no entanto é automaticamente assumido que o transgressor e o sofredor pensam e sentem da mesma maneira, e que a culpa de um pode ser medida pela dor do outro.




Friedrich Nietzsche (1844-1900)


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