FRANKLIN DELANO ROOSEVELT
DISCURSO NA CONVENÇÃO NACIONAL DO PARTIDO DEMOCRATA
(excertos)
Filadélfia, Pennsylvania
27 de Junho 1936
“...talvez fosse natural ou até humano que os príncipes das novas dinastias económicas, sequiosos de poder, ambicionassem controlar o próprio Governo. Eles criaram um novo despotismo e envolveram-no nas vestes da legalidade. Ao seu serviço novos mercenários tentaram arregimentar o Povo, o seu trabalho e os seus bens. E em consequência disso hoje os cidadãos comuns enfrentam a mesma luta que outrora os revolucionários que libertaram este país travaram.”
“... As horas que os homens e mulheres trabalham, os salários que recebem, as condições a que estão sujeitos, fugiram ao controle do Povo e passaram a ser impostas pela nova ditadura económica. As poupanças das famílias vulgares, o capital das pequenas empresas, o dinheiro posto de parte para a velhice – tudo que não é deles – passou a ser cobiçado pela nova aristocracia económica.”
“...Um velho Juiz inglês uma vez disse : « Homens na miséria não são livres« . A liberdade requer a possibilidade de ganhar o sustento, de ter uma vida decente de acordo com os padrões da época, o suficiente não só para ir vivendo mas também para ter a vontade de viver.”
“...Para muitos de nós a liberdade política deixou de ter significado em face das desigualdades sociais. Um pequeno grupo concentrou nas suas mãos o completo controle sobre os bens das pessoas, o seu dinheiro, o seu trabalho – a sua vida. Para demasiados de nós a vida deixou de ser livre ; a liberdade deixou de ser real, aos homens não é mais possível a procura da felicidade.”
“...A aristocracia do poder económico aceitou que era ao Governo que cabia regular a liberdade política ao mesmo tempo que defendiam que a escravatura económica apenas a eles dizia respeito. Permitiam que o Governo garantisse o direito ao voto, mas negavam ao Governo a possibilidade de defender o direito dos cidadãos ao trabalho e a uma vida digna.”
“...Os Governos erram, os Presidentes enganam-se, mas o imortal Dante diz-nos que a Justiça Divina julga de maneira diferente os que possuem um coração empedernido e os que são capazes de sentir compaixão.
São preferíveis os erros ocasionais de um Governo que vive no espírito da generosidade, do que as constantes faltas daquele que age petrificado no gelo da sua indiferença.”
“... Acredito plenamente que apenas o nosso sucesso pode fazer renascer a antiga esperança...não sendo apenas uma guerra contra a pobreza e a desmoralização económica: É muito mais do que isso, é uma luta pela sobrevivência da Democracia...”
Sonhemos que no próximo dia 25 de Abril os portugueses tinham um Presidente capaz , ao proferir palavras tão corajosas como as de Roosevelt, de se por ao lado do Povo que o elegeu. Um sonho apenas.