A Gazeta do Middlesex

BINO

26/2/2018

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                                             BINO


Num país em que para qualquer nova situação surge sempre um novo acrónimo era inevitável, imho, ( in my humble opinion, na minha humilde opinião), que a iminente mudança da posição do Partido Trabalhista em relação ao Brexit, que era até agora recusar que o Reino Unido continuasse a pertencer à União Aduaneira e ao Mercado Único após a saída da UE, para passar a ser de uma muito maior aceitação desse cenário, pelo menos no que toca à União Aduaneira, tenha feito aparecer de imediato o Bino: Brexit in name only – Brexit apenas no nome.


Jeremy Corbyn no seu discurso de hoje em Coventry anunciou formalmente ao país essa mudança, centrando a sua intervenção nos custos económicos e políticos, (no caso da Irlanda do Norte), resultantes da introdução de barreiras alfandegárias entre a Europa e a Grã-Bretanha. Não resisto em transcrever uma passagem desse discurso que dará, imnsho, ( In my not so humble opinion - na minha não muito humilde opinião), aos leitores uma ideia da gravidade do que o Governo Conservador se prepara, (ou após este discurso, se preparava), para fazer:


“Vejam o caso de tantas industrias que têm o seu processo de produção totalmente interligado com a Europa. É o caso da industria automóvel que é responsável pela criação de 169.000 postos de trabalho, dos quais 52.000 estão aqui nos West Midlands.
Não pode haver melhor exemplo do que um dos maiores símbolos dessa industria, o Mini.
Um Mini atravessa o Canal da Mancha três vezes antes de estar pronto, uma viagem de 2.000 milhas. O fabrico começa em Oxford, após o que é enviado para França para serem montados componentes essenciais. Feito isso regressa à fabrica da BMW em Hams Hall no Warwickshire onde continua o processo de fabrico. Quase pronto é novamente enviado, desta vez para a Alemanha, onde lhe é montado o motor, para regressar a Oxford, sendo então dado como pronto após os retoque finais.
E se o carro for vendido na UE, o destino da maior parte, ele terá cruzado o Canal por quatro vezes.
Com 44% das nossas exportações a terem a UE como destino, assim como 50% das nossas importações a terem essa origem, é vital que esse comercio continue a estar livre do pagamento de tarifas alfandegárias.”


A questão é saber-se se no Partido Conservador, que está em plena guerra interna entre os que defendem um Brexit radical e os que querem que a Grã-Bretanha continue fortemente ligada à UE, haverá um numero suficiente de dissidentes para, ao votarem no Parlamento com toda a oposição, derrotem Theresa May e os seus planos de Hard Brexit. Então sim, teremos um “Bino”.

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Carnavais

11/2/2018

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                                           CARNAVAIS

O grupo carnavalesco auto intitulado o “Porão do DOPS” queria desfilar no Carnaval da Cidade de S. Paulo. O nome, Departamento de Ordem Política e Social, refere a sinistra policia política criada em 1924 com o fim de combater os oponentes à ditadura do “Estado Novo”, (não, Salazar não foi o criador do termo...), e que ganhou nova reputação de brutalidade durante a ditadura militar de 1964-1985. “Porão” é o termo Brasileiro que designa a cave de um edifício, neste caso a da sede dessa policia, onde tantos crimes foram cometidos. Torturas, prisões ilegais e execuções sumárias aí tiveram lugar, tendo-se destacado como sendo dos piores torcionários do regime militar o chefe do Dops Sérgio Paranhos Fleury e o Coronel Carlos Brilhante Dustra. Em 2014 foi publicado um relatório oficial onde se deu a conhecer a extensão dos crimes que causaram centenas de vitimas.
Porém, para o Ministério Publico do Estado de S. Paulo, (aqui felizmente no papel de “bons da fita”), já o simples facto de o grupo ostentar o nome “Porão da Dops” era uma maneira de enaltecer os crimes de tortura cometidos, e uma apologia dos torturadores e assassinos, e decretou a proibição do grupo participar nos corsos de Carnaval. Este recorreu, alegando que não pretendia fazer uma defesa da tortura mas sim “uma desmistificação” da Ditadura Militar e uma Juíza, Daniela Pazetto, acolheu os argumentos dos reclamantes e anulou a proibição, por “violar a liberdade de expressão”. Mas o MP não se deu por vencido e recorreu para um Tribunal Superior, que voltou a confirmar a proibição.

Noutras latitudes mais setentrionais porém, outro MP decidiu entrar de roldão no Ministério das Finanças para fazer uma devassa ao gabinete do Ministro, que é simultaneamente Presidente do Euro-grupo, sob o pretexto que este se teria deixado corromper a troco de dois bilhetes para um jogo de futebol. O argumento, de tão ridículo e infantil, levou a que da diligencia nada resultasse , mas o labéu ficou com a mancha no carácter do Ministro indelével.

Mas a lição foi dada, e é bom que os Portugueses a não esqueçam: Se um Governante tão importante pode ser enxovalhado desta maneira então ninguém está seguro, até porque, nestas coisas da Justiça, em Portugal, não há os que sejam os “bons da fita”.



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