A Gazeta do Middlesex

10

28/4/2015

0 Comments

 

                     A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture



                                                      10


Hoje foi a vez de Nigel Dodds, o líder dos Unionistas da Irlanda do Norte, um Partido que tem sido um tradicional aliado dos Conservadores, a condenar a retórica contra os Nacionalistas Escoceses, avisando que se esta continuar Cameron não terá após as eleições o apoio do seu Partido para a formação de um Governo.

Profundamente critico da proposta dos Conservadores, a qual estabeleceria que as matérias dizendo respeito apenas à Inglaterra só pudessem ser votadas por deputados Ingleses, aquilo que é conhecido como “Votos Ingleses para Leis Inglesas”, afirmou: “ O Parlamento, que é o Parlamento de todas as nações do Reino Unido, não pode transformar-se de vez em quando numa Assembleia Inglesa em part-time, e não respeitar esta condição será ir contra os interesses do país.”


Mas foi Seumas Milne quem explicou mais claramente a situação num artigo há dias publicado:


“(...) então eles (os Conservadores) recorrendo a uma táctica desesperada, tentam agora inflamar o nacionalismo Inglês e voltar os povos da Grã-Bretanha uns contra os outros. Com o apoio entusiástico de uma imprensa quase toda propriedade de plutocratas vivendo no estrangeiro para fugirem ao pagamento de impostos, eles agora afirmam que os Ingleses seriam reféns de um governo chefiado por Ed Miliband e dependente do apoio do SNP.

Os Escoceses, a quem foi suplicado no referendo do ano passado para que se mantivessem no Reino Unido, são agora apontados como sendo uma ameaça estrangeira.

John Major, o antigo Primeiro-Ministro dos Tories, tendo sido ele próprio dependente do apoio dos Unionistas da Irlanda do Norte, vem agora afirmar que um governo trabalhista necessitando dos votos dos nacionalistas da Escócia estaria vulnerável a “chantagem”. Nicola Sturgeon, a líder do SNP, seria segundo Major “ a mulher mais perigosa da Grã-Bretanha”, dando a entender que haveria a possibilidade de um “golpe” e de “intimidação fascista”.

Tudo isto não passa de fantasias alarmistas e anti-democráticas. É evidente que terão algum efeito a Sul da fronteira, sobretudo entre os apoiantes do Ukip, cujos votos os Conservadores precisam urgentemente de reaver. Mas aqueles para quem é cara a unidade da Grã-Bretanha não podem ter ambas as situações : Ou a Escócia é parte da União ou não é. Se o é, então os que tiverem o seu voto serão Membros do Parlamento de pleno direito, tal como todos os outros.

Não é por acaso que alguns Conservadores genuinamente partidários da União, como Lord Forsyth, acusaram o Primeiro-Ministro de jogar uma cartada perigosa. Se resultar, e os Conservadores se mantiverem no Governo, terá então sido criado o terreno fértil para que na Escócia seja reclamado um novo referendo sobre a independência. Reclamado e ganho.”

Picture
                                                      "11  DIAS PARA SALVAR A GRÃ-BRETANHA"
                                                          
Picture
                                            "4.000 ASSASSINOS E VIOLADORES ESTRANGEIROS
                                                         QUE NÃO PODEMOS EXPULSAR"
Picture
                                                   "A UE FARÁ COM QUE AUMENTEM AS
                                                                     HIPOTECAS"
0 Comments

12

26/4/2015

0 Comments

 

                     A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                     
                                                   12



                   A QUESTÃO  DA  ESCÓCIA  E  AS  ELEIÇÕES




Existem políticos, em todas as latitudes e de todas as cores, nos quais só os néscios esperam encontrar alguma espécie de escrúpulos morais.

Theresa May, que pertence à franja mais radical da Direita e é Ministra do Interior deste Governo, faz parte desse grupo.

Ontem em campanha eleitoral ela declarou: “Os Ingleses jamais reconhecerão legitimidade a um Governo que resulte de um pacto entre o SNP, (Partido Nacionalista Escocês), e o Partido Trabalhista. E foi ainda mais longe no seu delírio ao afirmar que, a verificar-se tal situação, isso causaria uma crise nacional ainda pior que a causada pela abdicação do Rei Eduardo VIII antes da 2ª Guerra Mundial!

Isto não vem de uma mente transitoriamente transtornada pelo calor da pugna eleitoral. É antes o resultado de um plano friamente gizado pelo Estado Maior do Partido Conservador e que consiste na demonização dos Escoceses junto da opinião publica Inglesa, com o fim de prejudicar eleitoralmente o Partido Trabalhista. Declarar espúrios os votos dos Membros do Parlamento Britânico eleitos democraticamente na Escócia pelas listas do SNP, (que serão quase todos em disputa), é uma verdadeira declaração de guerra e o trilhar de um caminho sem regresso, pondo em grave risco a unidade do país a troco de uma mão cheia de votos.

Mas para completa compreensão do que se está a passar, e correndo o risco de abusar da paciência dos leitores, acho que valerá a pena recuar um pouco no tempo:


O Referendo

Aproximando-se rapidamente o dia 18 de Setembro de 2014, data para a realização do Referendo, e com as sondagens apontando perigosamente para uma vitória do Sim à independencia, os líderes dos três principais Partidos, Cameron pelos Conservadores, Miliband pelos Trabalhistas e Clegg pelos Liberais-Democratas, resolveram deslocar-se em conjunto a Edimburgo numa tentativa de ultima hora para conseguir que vencesse o Não.

Fizeram então publicar aquilo que classificaram como sendo uma “Promessa Solene” onde garantiam, caso a independencia fosse rejeitada, a devolução ao Parlamento da Escócia de vastos poderes até então detidos pelo Parlamento de Westminster.

Um Dia Depois

No dia 19, ainda não eram sete horas da manhã e após serem conhecidos resultados das urnas que garantiam a vitória do Não, David Cameron postou-se frente às camaras de televisão junto à porta do 10 de Downing Street para fazer uma comunicação ao país. Congratulando-se com a derrota dos partidários da independencia, avisou que no entanto a prometida devolução de poderes à Escócia só seria feita ao mesmo tempo de igual devolução à Inglaterra, nos termos que uma comissão a nomear posteriormente aprovasse.

A surpresa foi geral, porque o Primeiro-Ministro nunca havia mencionado existirem condições prévias para cumprir a promessa, que deixava de ser realizada de imediato para passar a ser feita num futuro incerto. Participou ser também intenção do Governo promulgar uma lei que restringisse o direito de voto dos Deputados eleitos pela Escócia, quando a matéria em discussão no Parlamento dissesse apenas respeito à Inglaterra.

Esta medida baseia-se numa falácia: Com 533 Membros do Parlamento eleitos pela Inglaterra, num total de 650, mesmo que os 117 não-Ingleses votassem unanimemente a favor ou contra, para conseguir a maioria para aprovar ou rejeitar qualquer legislação seriam sempre necessários pelo menos 209 votos de deputados Ingleses.

O verdadeiro alcance desta proposta era impedir que o Partido Trabalhista pudesse governar sempre que estivessem em causa medidas que alegadamente respeitassem apenas a Inglaterra, ou seja a 4/5 da população do Reino Unido. Um golpe constitucional que garantiria para sempre aos Conservadores o Governo do país.


As Consequencias

O resultado deste volte-face, para não lhe chamar outra coisa, foi que em pouco tempo o SNP triplicou o numero de militantes; os Partidos tradicionais foram obliterados da cena politica da Escócia e, fazendo fé em inumeras sondagens, os nacionalistas se preparem para eleger praticamente todos os 57 lugares em disputa.

Legitimidades

Se, como disse Theresa May, os Trabalhistas não terão legitimidade para governar se dependerem do voto dos Parlamentares legitimamente eleitos pela Escócia, como poderá ser alegado terem os Conservadores alguma para poderem exercer o poder sobre a nação Escocesa se da qual foram erradicados politicamente e onde são profundamente detestados?


A Campanha do Medo

O objectivo é amedrontar os eleitores em Inglaterra com a ameaça de “ficarem nas mãos” dos Escoceses, fazendo mudar o sentido de voto de Labour para os Conservadores. Essa campanha não conhecerá descanço, e nos próximos dias será cada vez mais intensa e estridente.

Dados os meios disponiveis, no passado estes métodos resultaram. Resta esperar pelo dia 7 de Maio para se saber se os eleitores resistiram a este vendaval de terror.








Picture
0 Comments

13

25/4/2015

0 Comments

 

                    A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture




                                                       13




Já me tinha dado conta que Conservadores e Trabalhistas, empatados nas sondagens há muitas semanas, pareciam duas equipas de futebol que tendo sido ultrapassados os 80 minutos de jogo e mantendo-se o 0-0, desistiram de marcar golos e começaram a preparar-se para os penalties.

Hoje num artigo, Marina Hyde, uma muito conhecida jornalista e articulista, confirma completamente as minhas suspeitas ao revelar ser Mourinho quem está por detrás da estratégia dos Conservadores e do Labour nesta renhida disputa eleitoral.

Escreve ela no The Guardian :



“CONTROLADA, DEFENSIVA E SEM ARRISCAR: ESTA É A ELEIÇÃO DE JOSÉ MOURINHO”


“Nenhum dos Partidos concorrentes a estas eleições quer ganhar- apenas o que querem é não perder.

(…) Futuros Historiadores vão ter bastante notoriedade ao determinarem quando surgiu a completa aversão ao risco, como objectivo supremo das campanhas eleitorais Britânicas:

(…) Lendo um excelente artigo do meu colega Jonathan Wilson, fiquei surpresa ao saber que as modernas regras das disputas eleitorais foram codificadas por, espantem-se, José Mourinho:


1 – O jogo é ganho por quem cometer menos erros

2 - O futebol favorece a equipa que leva o adversário a cometer mais erros.

3 – Em jogos fora de casa em vez de tentar ser superior à equipa contrária é mais    vantajoso encoraja-la a cometer mais erros.

4 – Quem tiver a posse de bola tem mais probabilidades de cometer erros.

5 - A equipa que renuncia a ter a posse da bola, reduz a possibilidade de cometer erros.

6 - Qualquer que seja aquele que tem a bola, ele terá medo.

7 – Como corolário lógico do nº anterior, é possível afirmar que quem não tem a bola é por

     conseguinte mais forte.


Mestre Mourinho tem uma sala cheia de troféus, enquanto que os Trabalhistas não têm um líder que tenha ganho uma eleição desde 2007 e os Conservadores há 23 anos...”






POLL OF POLLS



A Sondagem das Sondagens hoje:

Labour e Conservadores empatados com 33%
Ukip 14
Lib-Dem's 8
Greens 5

Quanto a lugares no Parlamento:

Labour 293
Cons.    270

A manterem-se estes numeros Ed Miliband será o próximo Primeiro-Ministro Britânico, mas convém não esquecer o ditado : "In politics one week is a very long time..." Ora se uma semana é a very long time, então o que será duas...













0 Comments

16

22/4/2015

0 Comments

 

                   A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                         16




Picture


                 O Querido Líder discursa perante o entusiasmo da população !




Picture
                                    

                                     Whoops !   Passa-se aqui algo estranho....



Picture



                                       Mas afinal vieram todos naquele autocarro...!



Picture



                                                     Que acaba de saír do local...



Picture


             As crianças são às vezes inconvenientes por não esconderem o                                aborrecimento...
0 Comments

17

21/4/2015

0 Comments

 

                     A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                    17

Picture
Mantem-se o empate, com uma ligeira vantagem dos Trabalhistas. Os Lib-Dem passam dos 25% conseguidos em 2010 para os  actuais 7% nas intenções de voto.
Picture
Na estimativa dos lugares de Membros do Parlamento eleitos, os Trabalhistas aí também estão à frente. Os Lib-Dem passam de 56 em 2010 para uns possiveis 6. Os Nacionalistas Escoceses podem realizar a façanha de eleger a quase totalidade dos Parlamentares que cabem à Escócia.
0 Comments

18

20/4/2015

0 Comments

 

                      A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture



                                                     18


Um Pacto Diabólico


Relendo o post de ontem reparo que afirmei que uma safe seat é aquela onde um candidato tem como certa a sua eleição, (ou reeleição).
Mil perdões aos leitores, porque esqueci que navegamos em águas não cartografadas, uncharted waters, como popularmente aqui se diz, estando a acontecer coisas nunca vistas, incluindo o provável fim abrupto da carreira política de gente de nomeada. Entre os Liberais-Democratas pode não ficar pedra sobre pedra, como é o caso do Vice Primeiro-Ministro e líder do Partido Nick Clegg e do Secretário de Estado do Tesouro Danny Alexander. Mas o eleitorado, que tem memória de elefante, não deixa sequer escapar os que abandonaram o palco há anos, caso dos pretéritos líderes desse Partido Charles Kennedy e Simon Hughes, que estão em risco de também não serem eleitos.


Mas, feito este reparo, vamos ao que se passa com o Partido Trabalhista:


Dando de barato que não venha a ter maioria absoluta no próximo Parlamento, que é mais do que certo, restam-lhe poucas soluções para poder formar Governo: A mais óbvia seria uma coligação com o SNP, que irá obter cerca de cinquenta lugares, somando se necessário para chegar à maioria os que restarem dos Liberais-Democratas.

Os Conservadores, perante o que para eles seria o afastamento do poder, têm feito uma campanha violentíssima contra os Nacionalistas Escoceses, que são acusados de serem pouco menos que traidores ao defenderem a independência da Escócia. Ainda hoje David Cameron afirmou que uma acordo entre Trabalhistas e o SNP seria “um pacto diabólico” pondo o destino de Inglaterra nas mãos desse Partido. Isto coloca Ed Miliband perante o dilema de, ou garantir um Governo estável negociando com os Escoceses, o que o fará perder muitos votos e lugares de deputados entre os Ingleses, ou não ter condições para governar.

Mas o que é notável nesta situação é que quer Conservadores quer Trabalhistas, ambos sem maioria, vão ter a necessidade absoluta de fazer essa negociação com o SNP, que tudo indica que será após estas eleições o terceiro maior Partido e que terá nas suas mãos, quer queiramos quer não, o equilíbrio do poder.

Quem Governa ?

Sem maiorias, a solução democrática seria a formação de alianças, formais de Governo ou de apoio parlamentar, garantindo meios para exercer o poder político de uma forma estável.

Neste cenário são os Trabalhistas o único Partido capaz de congregar esses apoios, vindos do SNP, dos Lib-Dem's, dos Verdes e de alguns deputados isolados, no que constituiria uma confortável maioria.

Os Conservadores pelo seu lado não conseguirão fazer acordos que lhes garantam estabilidade governativa e resta-lhes a possibilidade, caso ganhem uma moção de confiança, de formar um Governo minoritário sem apoio Parlamentar.

Parece portanto que está dada resposta à pergunta : Quem governa ?

Parece mas não está, porque aqui não se trata de uma mera questão de aritmética, trata-se de uma questão política e, neste país onde não existe uma Constituição escrita e o peso da prática usual é grande, existem outras coisas importantes para além de uma maioria, sendo que normalmente governa quem tiver eleito mais Membros do Parlamento. É verdade que a prática não levantava problemas nos tempos da existência de apenas dois grandes Partidos, em que ter eleito mais deputados equivalia automaticamente a uma maioria, mas não hoje com a actual dispersão dos votos.

Portanto se Miliband for Primeiro-Ministro, mesmo que apoiado numa maioria parlamentar, e se o Partido Conservador tiver eleito mais deputados, então toda a máquina de propaganda da direita irá proclamar que os Trabalhistas não têm legitimidade democrática para governar e que serão uns usurpadores. E não tardará que tenham que ser realizadas novas eleições.


0 Comments

19

19/4/2015

0 Comments

 

                     A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                       19


326 É O NUMERO MÁGICO


Mas daqui a três semanas nas eleições parece que nem Conservadores nem Trabalhistas o vão alcançar. Refiro-me ao numero de deputados necessários para se formar uma maioria no Parlamento.

As sondagens mostram há semanas os dois maiores Partidos obstinadamente empatados, com as sondagens dando cerca de 34% dos votos a ambos, o que fica longe de garantir esse paraíso. Os Tories, de cabeça perdida, oscilam entre as ameaças, (uma vitória do Labour resultaria num milhão de desempregados, Cameron dixit ontem), e um verdadeiro bodo ao Povo, (na próxima venda em Bolsa de acções do Lloyds Bank, uma grossa fatia será para vós queridos eleitores, garante hoje o mesmo Cameron).

Um turista desprevenido que aqui desembarque aprenderia rapidamente o significado destas palavras em Inglês, que se ouvem e lêem por todo o lado:

Safe seats, marginal seats e hung Parliament.

Mas vamos por partes: A safe seat é uma circunscrição segura, com uma confortável maioria dos votos em determinado Partido, garantindo automaticamente ao feliz candidato a vitória nas eleições.

A minha é infelizmente a safe seat para os Conservadores, e de tão safe que é que temos aqui como candidato Boris Johnson, o actual Mayor de Londres, aquele gorducho de cabeleira desgrenhada e loira que quer passar por bonacheirão, desastrado e do povo, quando na realidade é friamente calculista e ambicioso, da upper class e antigo aluno de Eton. Mas adiante.

O grande bico-de-obra são as marginal seats, aquelas que foram ganhas, (ou perdidas), por uma mão cheia de votos e que são objecto de uma microscópica analise por tudo o gira à volta destas eleições, o que posso garantir é uma data de gente. Não haverá quem, vivendo numa, não lhe tenha já sido várias vezes perguntado em quem tenciona votar. Temos mesmo o Lord Ashcroft do Partido Conservador que suspendeu a sua actividade política para se dedicar tempo inteiro a esta obcecação de fazer sondagens nas marginal seats.

Mas quanto a lugares as coisas oscilam à volta dos 270 para Trabalhistas e Conservadores, o que tem causado inúmeras crises de nervos nos estados-maiores dos dois Partidos, além de patéticos arrancar de cabelos entre aqueles que supostamente têm prever o que se irá passar.

Portanto seguramente que teremos um hung Parliament, ou seja um parlamento sem maioria absoluta o que, a confirmar-se, será apenas a terceira vez desde a guerra.


Quem quer casar com a Joaninha?


Sem maioria começou o bailarico das coligações, que aqui apenas podem ser pós-eleitorais, e quanto a elas, e sem surpresa, ninguém se entende. Mas comecemos pelos Conservadores:

O presente Governo é, ou foi, ele próprio uma coligação entre os Tories e os Lib-Dems em que estes, ao se prestarem ao papel de serem uma mera bengala dos Conservadores traindo pelo caminho promessas eleitorais sortidas, estão prestes a ser enviados pelo eleitorado para o exílio político numa das luas de Saturno, sitio do qual, como se sabe, é muito difícil regressar. Os eventuais sobreviventes da hecatombe serão poucos, tão poucos que não serão desta vez suficientes para formar uma maioria com os Conservadores.

O que resta é quase nada: Com gente do Ukip nem pensar, aliás julga-se que Farage se vai revelar, apesar da fanfarronice, um completo flop eleitoral. Talvez os Unionistas da Irlanda do Norte, mas eles também são poucos, poucochinhos, nem um fila da bancada do Parlamento enchem.

Portanto para os Conservadores resta apenas a possibilidade de governar em minoria, mas primeiro é preciso responder a uma questão: Depois das eleições quem terá direito a formar Governo ? Ora essa, responderão em uníssono os leitores, pois quem ganhar !

Num país onde não existe uma Constituição escrita a questão não é de resposta tão simples, como tentarei amanhã explicar, assim como relatar qual é o panorama pelo lado dos Trabalhistas.




0 Comments

20

17/4/2015

0 Comments

 

                      A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                    20



  Gato Escaldado de Debates tem Medo


Ontem foi o segundo debate televisivo com líderes partidários concorrentes às próximas eleições. Foram 5 e não 7 os participantes porque David Cameron se recusou terminantemente a estar presente, obrigando o seu parceiro de coligação pelos Liberais-Democratas, o Vice Primeiro-Ministro Nick Clegg, a fazer o mesmo.

Aliás para se chamar debate ao que se passou é necessário um esforço de imaginação: Dos 5 intervenientes, 4 não têm expressão nacional (1), e apenas o Partido Trabalhista disputa com os Conservadores a vitória eleitoral.

Mesmo esta espécie de debate, tal como o que o antecedeu, apenas foi possível após meses de difíceis negociações entre as cadeias de televisão e os Partidos, com os Conservadores sistematicamente a boicotar a sua realização. O leitor terá toda a razão em perguntar-se como pode um Primeiro-Ministro recusar defender publicamente a acção do seu Governo durante os cinco anos da legislatura que agora termina, sem ser severamente punido pela opinião publica. A resposta é simples : Por cinicamente ter concluído que perderia mais votos participando do que recusando a estar presente. Para conhecer a causa desta situação é necessário recuar alguns anos e contar uma história pouco edificante.


Corria o ano de 2010 e Gordon Brown era finalmente Primeiro-Ministro depois de ter sucedido a Tony Blair. Com a crise global atingindo o país em toda a sua força, Brown tinha a ingrata tarefa de enfrentar eleições gerais com o nível de popularidade do Governo em níveis como há muito não se registavam de tão baixos que eram.

Notava-se entre o eleitorado sinais claros de cansaço com o sistema bi-partidário e com a alternância regular entre Conservadores e Trabalhistas. O terceiro Partido, o Liberal-Democrata, fruto de uma fusão de dois antigos Partidos, era o eterno perdedor, mas tinha agora um novo líder, Nick Clegg, que sendo jovem, bem-falante e bem parecido, se apresentava como sendo uma lufada de ar fresco na política Britânica.

Todas as sondagens apontavam porém para uma vitória confortável dos Conservadores até que, o que seria inédito, foi programado um debate televisivo entre David Cameron, pelos Conservadores, o mencionado Nick Clegg, e o infortunado Gordon Brown, Primeiro-Ministro e representando os Trabalhistas.


Este debate provou ser um terrível erro estratégico para os Conservadores e Clegg cilindrou de tal maneira os seus oponentes que uma sondagem posterior revelou que o seu nível de popularidade atingia 72%, coisa nunca vista desde … Winston Churchill. Com as intenções de voto nos Lib-Dem's a atingir níveis estratosféricos, a vitória dos Conservadores estava em risco e alguma coisa tinha de ser feita:

Em Abril, pouco tempo portanto antes das eleições, uma onda de ferozes ataques pessoais a Clegg foi desencadeada na imprensa afecta à direita, de que estes são alguns exemplos :

“Nick Clegg profere uma calunia Nazi contra a Grã-Bretanha”, escrevia o Daily Mail, referindo-se a um artigo escrito oito anos antes em que Clegg criticava a continuação dos preconceitos contra os Alemães. O Mail on Sunday apresentava em caixa alta o titulo:”A sua mulher é Espanhola, a sua mãe Holandesa, o seu pai meio-Russo, o seu consultor político Alemão. Existirá alguma coisa Britânica no líder dos Lib-Dem's Nick Clegg? O The Sun acusava-o de “vacilar” quanto à participação na guerra do Afeganistão e de demonstrar sinais de “stress”. O The Times, pegando no facto de a cor dos Lib-Dem's ser o amarelo, avisava os leitores sobre “o perigo amarelo” para a Grã-Bretanha.

Tão brutais e intensos foram estes ataques que no final o resultado eleitoral dos Liberais-Democratas baixou para valores mais terrenos, mas mesmo assim uns confortáveis 24%, o que foi o suficiente para impedir uma maioria dos Conservadores.

Mas para estes a lição estava aprendida: Nunca mais, quaisquer que sejam as circunstancias, participar em debates televisivos.

No final os Lib-Dem's acabaram por formar uma coligação de Governo com os Conservadores, a sua vez de cometer um erro catastrófico e estando agora nas sondagens com uns meros 8% dos votos.


(1) Os Verdes, Ukip, Partido Nacional Escocês (SNP), Partido Nacional Galês (Plaid Cymru)




0 Comments

21

16/4/2015

0 Comments

 

                      A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                         
                                                       21

DESCUBRA AS DIFERENÇAS II


Mantendo-se as sondagens inalteradas e continuando o Partido Trabalhista com uma pequena vantagem, penso que os leitores gostarão provavelmente de ler estes excertos de um artigo de autoria de George Monbiot. O titulo é de minha responsabilidade.


O valor e a recompensa são inversamente proporcionais. Os cargos mais prestigiados e lucrativos são os que mais danos causam. Aqueles cuja actividade é mais útil à comunidade são mal pagos e estão desprotegidos.

Ainda na semana passada, conversando com uma assistente social, esta realidade me foi cruamente relembrada. Carole, é o nome da pessoa em questão, trabalha para uma firma privada que presta serviço ao SNS. Diariamente é-lhe dado um itinerário de visitas a realizar no qual, por incrível que pareça, por vezes constam três visitas de meia hora no espaço de sessenta minutos. Não é contado o tempo perdido nos trajectos, tempo esse que não sendo remunerado significa que acaba por receber menos que o salário mínimo.

Durante os poucos minutos de que dispõe para cada beneficiário, pode ter de os ajudar a levantarem-se, fazer as suas necessidades, lavá-los, cozinhar e dar-lhes a tomar os seus medicamentos. Carole, ao ser entrevistada recentemente pelo programa de BBC “You and Yours”, contou que raramente tem tempo para descansar e quando consegue alguns minutos é com os seus pacientes que os passa. Para muitos ela será a única pessoa que irão ver em todo o dia.

Haverá profissão mais difícil e valiosa? E no entanto o que recebe em troca são muitas vezes insultos dos familiares por se atrasar ou por não passar suficiente tempo com cada idoso, e as queixas à sua entidade patronal são frequentes como se fosse ela a culpada. A sua profissão é muitas vezes acusada nos media, quando a responsabilidade pelas carências do serviço que presta cabe inteiramente às companhias que gerem o “negócio” da assistência domiciliária. A sua experiência pessoal é tudo menos excepcional : Um relatório da Resolution Foundation revela que dois terços dos assistentes sociais recebem menos que o valor considerado mínimo para fazer face ao custo de vida e que 10% não chegam mesmo a auferir o salário mínimo, o que é contra a lei. Estes abusos estão longe de se confinarem ao Reino Unido: Nos Estados Unidos 27% dos profissionais que efectuam visitas domiciliárias são pagos abaixo desse mínimo legal.

Vamos imaginar como vivem os proprietários das empresas que prestam esses serviços: Quanto mais cortarem nos custos, mais lucrativo será o seu negócio. Por outras palavras, quanto menos cuidarem dos pacientes tanto melhor será para eles. O gestor modelo desta actividade, do ponto de vista dos accionistas, tem de ser um completo sociopata.

Essa gente irá rapidamente tornar-se muito rica, e receberá do Governo constantes elogios por serem “criadores de riqueza.” Se doarem suficiente dinheiro ao Partido então terão bastantes chances de serem recompensados com um titulo de nobreza. Poderão adquirir uma vasta carteira de acções e também investir no imobiliário e assim, mesmo que um dia deixem de ter qualquer actividade, poderão continuar a viver confortavelmente à custa de pessoas como Carole, para quem será uma luta constante conseguir pagar a renda exorbitante das suas casas. Os seus descendentes, talvez por muitas gerações, nunca terão necessidade de ter um trabalho como o dela.

Os assistentes sociais correm pois sem cessar de uma casa para outra, tentando preservar algum do tecido social que ainda existe, enquanto que patrões, accionistas e Ministros do Governo nele cortam cegamente em nome do lucro.
(…)
Uma das mais penosas lições que um jovem adulto aprende cedo é que os defeitos de carácter são recompensados. Elogiamos a originalidade e a coragem, mas muitos daqueles que trepam até ao topo são conformistas e peritos na lisonja. Somos ensinados a acreditar que os batoteiros nunca têm sucesso, e no entanto o país é governado por trapaceiros.
(…)
Se se possuir o indispensável talento para se ser capaz de abrir caminho até ao topo à custa de aldrabices e muito descaramento, então ser incompetente não será obstáculo. A antiga executiva-chefe da Hewlett-Packard, Carly Fiorina, foi distinguida com o titulo de pior gestora da América, façanha nada fácil se considerarmos a concorrência. Em nome da eficiência despediu 30.000 trabalhadores e no entanto foi sob o seu mando que o valor das acções da empresa caiu para metade. Chegou mesmo a ser vaiada nas reuniões de accionistas e foi forçada a pedir a demissão, não sem que levasse para casa, como prémio de consolação, um cheque de 42 milhões de dólares.

O que faz ela agora? Pois iniciou o processo de se candidatar à Presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, e nessas hostes é aparentemente considerada como uma possível vencedora. É uma espécie de Mitt Romney de saias.
(…)
Existem poucos trabalhos bem pagos e úteis à Sociedade. O numero de cirurgiões e realizadores de cinema é largamente ultrapassado por advogados de negócios, membros de lóbis, publicitários, consultores de imagem, peritos em esquemas financeiros, e outros parasitas que gastam em proveito próprio o produto do trabalho alheio. À medida que o fosso salarial aumenta - No Reino Unido os executivos-chefes ganhavam na década de 90 cerca de 60 vezes mais do que o salário médio, proporção essa que aumentou nos dias de hoje para 180 vezes – o que faz com que proponha um novo nome para esse fenómeno: Clepto-remuneração.(...)

0 Comments

22

15/4/2015

0 Comments

 

                     A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

Picture

                                                   22



Eis a ultima sondagem feita hoje, dia 15, por YouGov, portanto depois da apresentação do Manifesto do Partido Conservador  e que mantém os Trabalhistas à frente nas intenções de voto:
Picture
A direita bem se esforça, como prova a primeira página do Daily Telegraph de hoje que proclama "Voltou a vida boa!". Decididamente que os Ingleses são estúpidos e ingratos e não merecem a generosidade do Partido Conservador !
Picture
Finalmente tivemos aqui o que parecia um dia de Verão, uma boa desculpa para uma pausa e para ir flanar nas margens do Tamisa. Como julgo que aí chove, aqui vão umas fotos para vos animar:
0 Comments
<<Previous

    Author

    manuel.m

    contact@manuel2.com

    Archives

    June 2018
    April 2018
    March 2018
    February 2018
    January 2018
    December 2017
    November 2017
    October 2017
    September 2017
    August 2017
    July 2017
    June 2017
    May 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017
    January 2017
    December 2016
    November 2016
    October 2016
    September 2016
    August 2016
    July 2016
    February 2016
    January 2016
    May 2015
    April 2015
    March 2015
    February 2015
    January 2015
    December 2014
    November 2014
    October 2014
    September 2014
    August 2014
    July 2014
    June 2014
    May 2014
    April 2014
    March 2014
    February 2014
    January 2014
    December 2013

    Click here to edit.

    Categories

    All

Proudly powered by Weebly