A Gazeta do Middlesex

Business as usual

31/8/2014

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BUSINESS  AS  USUAL

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Hoje mesmo entra em vigor uma norma da Comissão Europeia que proíbe a venda no Reino Unido de aspiradores domésticos com uma potencia superior a 1600w, o que provocou uma corrida às lojas e um aumento na passada semana das vendas desses electrodomésticos superior a 40%.

O argumento em defesa da medida consiste na necessidade de poupar energia, não tendo porém ocorrido à preclara cabeça do Dr. Durão Barroso et al. que as pessoas usando aspiradores menos potentes acabarão por usa-los durante mais tempo para atingirem o mesmo grau de limpeza.

Parece que está para breve a adopção de igual medida em relação a ferros de engomar, varinhas mágicas e secadores de cabelo, ao mesmo tempo que na opinião publica cresce um sentimento de exasperação em relação à União Europeia como dantes nunca se tinha verificado.



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Clacton-on-Sea é uma tradicional estância balnear no Essex, a norte de Londres da qual  não é muito distante.

Essa circunscrição eleitoral regista uma das mais elevadas maiorias de votos para o Partido Conservador e o respectivo lugar de Membro do Parlamento considera-se antecipadamente ganho por este partido.

Seria melhor dizer considerava-se, porque o até agora titular, Douglas Carswell, acaba de anunciar com estrondo a sua defecção do Partido Conservador e a sua adesão ao UKIP, o partido radical anti-europeu.

Falar em estrondo é aliás minimizar o impacto da coisa: Ao tomar essa atitude Carswell largou, metafóricamente bem entendido, uma granada no colo do Primeiro-Ministro David Cameron precisamente quando este fazia os impossíveis para tirar da agenda política a questão europeia.

Agora, como manda a lei, esse lugar de deputado terá que ser preenchido numa eleição intercalar a realizar em Outubro, uns meros 6 meses antes das eleições gerais de Maio de 2015.

Ora não é necessária grande imaginação para prever que durante todo esse tempo o assunto principal da campanha vai ser a questão da permanencia do Reino Unido na União Europeia, decisão que será formalmente tomada até 2017 num referendo que foi solenemente prometido por Cameron.

Mas foi precisamente a falta de confiança em Cameron para cumprir as suas promessas que segundo o próprio Carswell o levou a abandonar o seu antigo partido e a juntar-se ao UKIP.

Para tornar as coisas piores, especula-se abertamente quantos mais deputados conservadores irão seguir esse exemplo, e se Cameron em desespero, (as primeiras sondagens feitas após a deserção de Carswell dão ao UKIP em Clacton uma vantagem de 40 pontos  sobre os Conservadores), não irá virar ainda mais à direita, sendo certo que nada satisfará os seus correligionários euro-fóbicos a não ser uma garantia formal que a Grã-Bretanha sairá da UE.



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Dentro de pouco mais de duas semanas, a 18 de Setembro, realiza-se na Escócia um referendo onde esta votará Sim, optando pela independência, ou votará Não e decide ficar no Reino Unido. As sondagens são unânimes em prever a vitória do Não com margens variaveis, mas reina uma grande incerteza sobre o resultado final.

Porém a opinião publica escocesa é pró-europeia, (aliás se a decisão for pela independência esta formalmente solicitará a entrada na UE), e na Escócia o Partido Conservador é fortemente impopular não conseguindo aí eleger um só deputado.

Se no eleitorado tiver sido criada a convicção que os conservadores acabarão mais tarde ou mais cedo por fazer com que a Grão-Bretanha abandone a UE, como os recentes acontecimentos parecem indicar, teremos então que esperar pelo dia 18 para saber se esse facto terá tido algum efeito na decisão final.




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Os Ricos

27/8/2014

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O escritor, jornalista e activista dos direitos humanos George Monbiot, (Londres, 1963- ) , (Brasenose College, Oxford), publica um artigo semanal de opinião no jornal “The Guardian” (www.guardian.co.uk), entre os quais está aquele que, com a devida autorização do Autor (www.monbiot.com), hoje se transcreve , no que se espera ser o primeiro de uma publicação regular dos seus artigos na Gazeta.




                    OS RICOS QUEREM QUE ACREDITEMOS QUE

                     QUE AS SUAS FORTUNAS SÃO BOAS PARA NÓS



Quando as desigualdades sociais atingem níveis extremos e destrutivos, a maior parte dos Governos em vez de combater a situação acomoda-se a ela. Onde quer que a riqueza atinja uma concentração absurda, novas leis são criadas para a proteger.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, sucessivos governos têm privatizado todos os bens públicos que despertem a cobiça do grande capital. Diminuiram-se os impostos sobre as fortunas e os altos rendimentos. Tornaram-se legais novas formas de fuga aos impostos. Ofereceram-se benefícios exóticos, tais como subsídios para as licenças de caça e aumentaram-se para o dobro os apoios estatais às coutadas.

Foi cavado um fosso defensivo em redor da classe dos privilegiados, criminalizando por exemplo a ocupação de edifícios vazios e a maior parte das formas de protesto pacificas. Por muito grotesca que a desigualdade se torne, por muito parecida com roubo legalizado que a acumulação de riqueza seja, as regras políticas são mudadas em sua defesa.

Nada disto deveria surpreender: Quanto mais rica a elite se torna e quanto mais tem a perder, maior é o seu esforço para dominar a opinião pública e o sistema político. Já mal se importa em disfarçar a compra por atacado dos partidos políticos, por meio de sistemas de financiamento corruptos e corruptores. Pode-se sentir o seu domínio não só nas políticas adoptadas mas também na escolha dos candidatos para o Parlamento e na dos Ministros. Os ricos querem pessoas como eles em cargos de chefia, e é por essa razão que temos um Governo de milionários.

Mas tudo isto descreve apenas uma parte da sua influencia. Financiam lóbis, associações políticas e economistas, para que produzam cada vez mais elaboradas justificações para a sua apropriação da riqueza nacional, justificações essas que são depois difundidas pelos media propriedade dessa mesma elite.


Entre os muitos bons argumentos que Thomas Piketty produz no seu livro “ O Capital no Séc. XXI” - que é moderado, apesar de ser responsável por uma visão totalmente nova – é o que afirma ser a extrema desigualdade somente sustentável politicamente através de um “aparelho justificativo”. Se os eleitores puderem ser persuadidos que os insanos níveis de desigualdade são bons, razoáveis e até mesmo necessários, então a concentração da riqueza pode continuar. Em caso contrário os Governos serão forçados a actuar, ou acontecerá uma revolução.


A convicção que a desigualdade tem de ter uma justificação é um dos princípios fundamentais da Democracia. Só é possível aceitar que alguns tenham muito mais que outros se estiverem reunidas duas condições : Ou esses poucos atingiram esse resultado pelo exercício de qualidades e talentos únicos; ou essa desigualdade é benéfica para todos. É essa a razão porque esses grupos de reflexão, economistas e jornalistas de serviço, têm de as tornar plausíveis.


E isso é uma tarefa difícil. Se os salários reflectem o mérito porque serão tão arbitrários ? Serão os mais ricos executivos de hoje 50 ou 100 vezes melhores que os seus antecessores de 1980 ? Serão eles 20 vezes mais talentosos do que os que ocupam o escalão imediatamente inferior, apesar de virem todos das mesmas Business Schools ? Serão os executivos americanos várias vezes mais criativos e dinâmicos que os alemães ? E se assim é porque será que os resultados são tão medíocres ?


Claro que isso é tudo treta. O que vemos não é uma meritocracia em acção mas o nepotismo de uma classe de executivos que arrebanha a riqueza, determina os seus próprios salários e testa a credulidade geral com as suas exigências ridículas. Devem eles próprios ficar espantados em como conseguem tudo aquilo que querem.


Além disso, enquanto a educação e as qualificações profissionais ficam cada vez mais caras, as oportunidades de entrada nessa classe diminuem constantemente. Os países que pagam os maiores salários a esse grupo de topo, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, são também aqueles onde existe a menor mobilidade social. Aqui herda-se não apenas a riqueza como também a oportunidade.


Aha, dizem eles, mas a extrema riqueza é boa para todos. Todos beneficiarão da acção da mão invisível de Deus. Este crença baseia-se na Curva de Kuznets, o gráfico que parece mostrar que a desigualdade automaticamente decresce à medida que o capitalismo avança, espalhando a riqueza das elites para todos os outros.


Quando Piketty se deu ao trabalho de actualizar a curva, que foi proposta pela primeira vez em 1955, descobriu que a redistribuição que ela documentava tinha sido um produto de circunstancias peculiares da época. Desde então a concentração da riqueza retornou em força. A redução da desigualdade em 1955 não foi devida a uma automática e inerente característica do capitalismo, mas sim ao resultado de duas guerras mundiais, à grande depressão, e às medidas de resposta por parte dos governos a esses cataclismos.


Por exemplo, o escalão máximo do IRS nos Estados Unidos subiu de 25% em 1932 para 94% em 1944. O escalão máximo médio desse imposto foi, entre 1932 e 1980, de 81%. Durante os anos 40, o governo britânico estabeleceu um escalão máximo de 98%.

A mão invisível ? Ahaha. Logo que essas taxas foram cortadas por Reagan e Thatcher e o resto, a desigualdade subiu novamente em força para ter verdadeiramente explodido nos dias de hoje.

Esta é a razão porque os neo-liberais odeiam Piketty com tanta paixão e veneno: Por ele ter destruído com factos os dois grandes argumentos com os quais o aparelho justificativo procurava desculpar o indesculpável.

Existe portanto actualmente uma oportunidade perfeita para os Partidos progressistas: O colapso moral e ideológico do sistema de pensamento que era triunfante até ao momento. E o que fazem eles ? Evitam aproveita-la como se fosse uma praga. Amedrontado pelo poder dos media da opinião comprada, o Partido Trabalhista hesita e vacila.


Mas há outro partido, que parece ter redescoberto o fogo e a paixão que antigamente caracterizavam os Trabalhistas: Os Verdes. Na semana passada fizeram saber que no seu manifesto para as próximas eleições gerais irão propor um salário mínimo, a renacionalização dos caminhos de ferro, um tecto para o salário máximo, que não poderá ultrapassar em dez vezes o do trabalhador que menos ganhe e, no coração das suas reformas, um imposto sobre as fortunas do tipo que Piketty defende.


Sim, tudo isto levanta muitas questões mas nenhuma delas sem possibilidade de resposta- especialmente se for visto como um passo na direcção certa: Um imposto global sobre as fortunas onde quer que estas se escondam. Imperfeita que esta proposta possa ser, ela dá inicio ao desafio ao consenso político e é mobilizadora para aqueles que pensavam não haver saída.

Agora só há a esperar a reacção dos boys ao serviço dos bilionários, que não tardarão em ficar aos gritos, logo que absorvam as implicações do que é proposto.

E tomem os seus insultos e ameaças como um sinal claro que algo de real é possível.

Queriam uma alternativa progressista ? Aqui está ela.

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Love's Philosophy

25/8/2014

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          Love's Philosophy                                              A Filosofia do Amor







The fountains mingle with the river                              As fontes misturam-se com o rio

And the rivers with the ocean                                       E os rios com o oceano

The winds of heaven mix forever                                 No céu os ventos se enlaçam

With a sweet emotion.                                                  Numa doce emoção.

Nothing in the world is single                                       Todas as coisas se acasalam

All things by law divine                                                 Pela divina lei juntas estão,

In another's being mingle-                                            Mas se entre si se misturam-

Why not I with thine ?                                                   Porquê eu contigo não ?






See, the mountains kiss high heaven                             Vê como as montanhas beijam o céu

And the waves clasp one another;                                  E como as ondas vêm em união;

No sister flower could be forgiven                                 Nenhuma irmã flor perdoada seria

If it desdained its brother                                                Se desdenhasse o próprio irmão.

And the sunlight clasps the earth                                    E a luz do sol abraça o mundo

And the moonbeams kiss the seas                                   E os raios de lua beijam o mar,

What are those kissings worth                                        O que esses beijos valem  no fundo

If thou kiss not me ?                                                          Se tu não me queres beijar ?


Percy Bysshe
Shelley


(tradução livre feita num dia de chuva, ao som de "Gentle Rain")


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The Rain in Spain

23/8/2014

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           THE RAIN IN SPAIN STAYS MAINLY IN THE PLAIN


             (and in Hertford, Hereford and Hampshire
                   Hurricanes Hardly ever Happen) 


Aqueles que estão deste lado dos sessenta dificilmente se terão esquecido da beleza estonteante de Audrey Hepburn no filme My Fair Lady no qual interpreta o papel de Eliza Doolittle, uma vendedora de flores do mercado de Covent Garden, e que falava com uma cerrada pronuncia cockney tão típica dos bairros populares de Londres.

Por um acaso Eliza conhece o Professor Higgins (Rex Harrison), um especialista em fonética que aposta ser capaz de a pôr a falar com a impecável pronuncia da upper class inglesa, coisa tida como impossível pelo seu amigo e colega, o Coronel Pickering (Wilfrid Hyde-White).

Após longos meses de treino intenso, Eliza enfrenta a sua primeira grande prova ao ser levada pelo seu mentor às corridas de Ascot, onde será convidada para o camarote da família.

Mas se a aluna consegue falar como se tivesse ela própria nascido na alta sociedade, o que diz revela-se um perfeito desastre, o que prova que o Prof. Higgins cometeu um erro ao dar apenas importância à forma e não também ao conteúdo.

Seguem-se mais semanas de treinos intensos e aproxima-se a data do mais difícil obstáculo, da prova definitiva, que será o baile da embaixada que contará com a presença da Rainha da Transilvânia e de toda a aristocracia da capital.

A cena da entrada de Eliza Doolittle no salão de baile ainda hoje deslumbra, pela beleza e majestade com que se desloca provocando uma verdadeira comoção entre a assistência, e talvez nunca o cinema terá conseguido filmar tão bem a transformação de uma pobre rapariga numa verdadeira princesa.

Mas entre os convidados está Zoltan Karpathy, um húngaro também especialista em fonética, o melhor aluno que o Prof. Higgins jamais teve.

Zoltan é um adversário formidável, capaz de identificar a origem de qualquer pessoa pela sua maneira de falar desmascarando qualquer impostor, e quando um dos convidados se apresenta como sendo o Embaixador da Grécia ele rapidamente denuncia-o como sendo afinal filho de um camponês do Yorkshire.

Mas Eliza aceita o seu convite para dançar e após um longo escrutínio Zoltan pronuncia o seu veredicto: A desconhecida, a pobre Eliza, é ela própria também uma princesa real e a aposta do Professor Higgins está portanto ganha !




O filme baseado na peça Pigmaleão de G. B. Shaw é evidentemente uma fantasia mas tem algum fundamento numa realidade que ainda hoje persiste: Em Inglaterra a maneira de falar é um indicador preciso da origem social de cada um.

Do que se trata não são sotaques regionais como o alentejano ou o do Norte, ou como o Escocês, o da Irlanda ou o Galês, mas algo bem mais subtil que tem a ver com a dicção, com a articulação perfeita dos sons, não sendo apenas uma pronuncia afectada própria de “gente bem”.

O upper class accent é inimitável e tem de ser aprendido cedo e normalmente quem assim fala foi aluno de uma public school que, contrariamente ao que o nome sugere, são escolas privadas e muito caras.

Mas entre esse e o working class accent existem muitas matizes e os nativos daqui é como se estivessem equipados com um gps mental capaz de localizar a posição hierárquica de cada um na tribo.

Esses complexos códigos linguísticos que eles conseguem interpretar têm pouco a ver com a fortuna ou a ocupação: É perfeitamente possível que alguém apesar de “bem nascido” tenha caído na miséria e ser um sem-abrigo, mas ao falar com o tal upper class accent será contudo sempre encarado como pertencente às classes altas, da mesma maneira que uma pessoa nascida no seio das classes trabalhadoras, apesar de ter feito uma grande fortuna e viver no luxo e na opulência, ao falar com working class accent será sempre tido como fazendo parte desse estrato da sociedade.

Esta importância dos sinais linguísticos, esta irrelevância da riqueza ou da profissão como indicadores de classe social, demonstram que afinal a sociedade não é uma meritocracia e o que conta é a maneira de falar e a terminologia que se emprega por revelarem a condição em que se nasceu, e o que se conseguiu na vida afinal não é tão importante assim.

E a menos que haja uma determinação igual à de Miss Doolittle, sujeitando-se a um esforço longo e penoso para aprender a falar de uma maneira diferente à do seu meio, resta a resignação e o consolo de saber-se que na vida que há algo muito mais importante do que a maneira como nos expressamos.



A lembrança de toda esta história da vida de Eliza Doolittle e do Prof. Higgins veio-me  porém à memória pela pior das razões:



No passado dia 21, naquilo que se chama o Expresso Diário e que é publicado on-line, é o próprio director, Ricardo Costa de seu nome, que publica um editorial sob o titulo ”O carrasco com sotaque Downton Abbey” que versa o assassinato do jornalista americano no Iraque e que não passa de um indigno “cheap shot” em que tenta mostrar-se esperto e conhecedor, quando afinal o que demonstra é ser burro e ignorante. Deveria ter sentido algum pudor não tentando aproveitar um crime horrendo para  botar figura inventando um titulo chamativo e escrevendo sobre aquilo que não sabe.




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Fire & Ice

20/8/2014

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              FIRE & ICE
                                   FOGO & GELO  
        

Some say the world will end in fire
    Alguns dizem que o mundo acabará no fogo
   Some say in ice.                                 Outros dizem que no gelo.
From what I've tasted of desire          Por aquilo que experimentei do desejo
I hold with those who favor fire          Sou dos que preferem o fogo
.
   But if I had to perish twice                 Mas se duas vezes tivesse que perecer,
I think I know enough of hate              Julgo conhecer suficientemente o ódio
   To say that for destruction ice           Para dizer que a destruir o gelo
Is also great.                                          Também é bom
   And would suffice.                                 E seria suficiente.



Robert Frost (1920)

             



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Gaza

19/8/2014

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No momento em que recomeçam os bombardeamentos a Gaza aumentando o numero trágico de vitimas inocentes, é devido dar a conhecer esta carta- aberta assinada por 313 Judeus sobreviventes do holocausto ou familiares de vitimas, tal como foi publicada na imprensa, no que é uma singela homenagem à coragem dos signatários. No final segue-se a tradução em Português.

O original pode ser encontrado em http://ijsn.net/gaza/survivors_and_descendants-letter/


“Mesmo que sejas uma minoria de um, a verdade é a verdade”

                                                                          Mahatma Ghandi

                        
                                                                      ********************


Jewish survivors and descendants of survivors and victims of  Nazi genocide unequivocally condemn the massacre of Palestinians in Gaza



As Jewish survivors and descendants of survivors and victims of the Nazi genocide we unequivocally condemn the massacre of Palestinians in Gaza and the ongoing occupation and colonization of historic Palestine. We further condemn the United States for providing Israel with the funding to carry out the attack, and Western states more generally for using their diplomatic muscle to protect Israel from condemnation. Genocide begins with the silence of the world.

We are alarmed by the extreme, racist dehumanization of Palestinians in Israeli society, which has reached a fever-pitch. In Israel, politicians and pundits in The Times of Israel and The Jerusalem Post have called openly for genocide of Palestinians and right-wing Israelis are adopting Neo-Nazi insignia.

Furthermore, we are disgusted and outraged by Elie Wiesel’s abuse of our history in these pages to promote blatant falsehoods used to justify the unjustifiable: Israel’s wholesale effort to destroy Gaza and the murder of nearly 2,000 Palestinians, including many hundreds of children. Nothing can justify bombing UN shelters, homes, hospitals and universities. Nothing can justify depriving people of electricity and water.

We must raise our collective voices and use our collective power to bring about an end to all forms of racism, including the ongoing genocide of Palestinian people. We call for an immediate end to the siege against and blockade of Gaza. We call for the full economic, cultural and academic boycott of Israel. “Never again” must mean NEVER AGAIN FOR ANYONE!

Signed,

Survivors:

  1. Hajo Meyer, survivor of Auschwitz, The Netherlands.

  2. Henri Wajnblum, survivor and son of a victim of Auschwitz from Lodz, Poland. Lives in Belgium.

  3. Renate Bridenthal, child refugee from Hitler, granddaughter of Auschwitz victim, United States.

  4. Marianka Ehrlich Ross, survivor of Nazi ethnic cleansing in Vienna, Austria. Now lives in United States.

  5. Irena Klepfisz, child survivor from the Warsaw Ghetto, Poland. Now lives in United States.

  6. Hedy Epstein, her parents & other family members were deported to Camp de Gurs & subsequently all perished in Auschwitz. Now lives in United States.

  7. Lillian Rosengarten, survivor of the Nazi Holocaust, United States.

  8. Suzanne Weiss, survived in hiding in France, and daughter of a mother who was murdered in Auschwitz. Now lives in Canada.

  9. H. Richard Leuchtag, survivor, United States.

  10. Ervin Somogyi, survivor and son of survivors, United States.

  11. Ilse Hadda, survivor on Kindertransport to England. Now lives in United States.

  12. Jacques Glaser, survivor, France.

  13. Norbert Hirschhorn, refugee of Nazi genocide and grandson of three grandparents who died in the Shoah, London.

  14. Eva Naylor, surivor, New Zealand.

  15. Suzanne Ross, child refugee from Nazi occupation in Belgium, two thirds of family perished in the Lodz Ghetto, in Auschwitz, and other Camps, United States.

  16. Bernard Swierszcz, Polish survivor, lost relatives in Majdanek concentration camp. Now lives in the United States.

  17. Joseph Klinkov, hidden child in Poland, still lives in Poland.

  18. Nicole Milner, survivor from Belgium. Now lives in United States.

  19. Hedi Saraf, child survivor and daughter of survivor of Dachau, United States.

  20. Michael Rice, child survivor, son and grandson of survivor, aunt and cousin murderd, ALL 14 remaining Jewish children in my Dutch boarding school were murdered in concentration camps, United States.

  21. Barbara Roose, survivor from Germany, half-sister killed in Auschwitz, United States.

  22. Sonia Herzbrun, survivor of Nazi genocide, France.

  23. Ivan Huber, survivor with my parents, but 3 of 4 grandparents murdered, United States.

  24. Altman Janina, survivor of Janowski concentration camp, Lvov. Lives in Israel.

  25. Leibu Strul Zalman, survivor from Vaslui Romania. Lives in Jerusalem, Palestine.

  26. Miriam Almeleh, survivor, United States.

  27. George Bartenieff, child survivor from Germany and son of survivors, United States.

  28. Margarete Liebstaedter, survivor, hidden by Christian people in Holland. Lives in Belgium.

  29. Edith Bell, survivor of Westerbork, Theresienstadt, Auschwitz and Kurzbach. Lives in United States.

  30. Janine Euvrard, survivor, France.

  31. Harry Halbreich, survivor, German.

  32. Ruth Kupferschmidt, survivor, spent five years hiding, The Netherlands.

  33. Annette Herskovits, PhD, hidden child and daughter of victims, United States.

  34. Felicia & Moshe Langer, survivors from Germany, Moshe survived 5 concentration camps, family members were exterminated. Live in Germany.

  35. Adam Policzer, hidden child from Hungary. Now lives in Canada.

  36. Juliane Biro, survivor via the Kindertransport to England, daughter of survivors, niece of victims, United States.

  37. Edith Rubinstein, child refugee, granddaughter of 3 victims, many other family members were victims, Belgium.

  38. Jacques Bude, survivor, mother and father murdered in Auschwitz, Belgium.

  39. Nicole Kahn, survivor, France.

 

Children of survivors:

 

  1. Liliana Kaczerginski, daughter of Vilna ghetto resistance fighter and granddaughter of murdered in Ponary woods, Lithuania. Now lives in France.

  2. Jean-Claude Meyer, son of Marcel, shot as a hostage by the Nazis, whose sister and parents died in Auschwitz. Now lives in France.

  3. Chava Finkler, daughter of survivor of Starachovice labour camp, Poland. Now lives in Canada.

  4. Micah Bazant, child of a survivor of the Nazi genocide, United States.

  5. Sylvia Schwarz, daughter and granddaughter of survivors and granddaughter of victims of the Nazi genocide, United States.

  6. Margot Goldstein, daughter and granddaughter of survivors of the Nazi genocide, United States.

  7. Ellen Schwarz Wasfi, daughter of survivors from Vienna, Austria. Now lives in United States.

  8. Lisa Kosowski, daughter of survivor and granddaughter of Auschwitz victims, United States.

  9. Daniel Strum, son of a refugee from Vienna, who, with his parents were forced to flee in 1939, his maternal grand-parents were lost, United States.

  10. Bruce Ballin, son of survivors, some relatives of parents died in camps, one relative beheaded for being in the Baum Resistance Group, United States.

  11. Rachel Duell, daughter of survivors from Germany and Poland, United States.

  12. Tom Mayer, son of survivor and grandson of victims, United States.

  13. Alex Nissen, daughter of survivors who escaped but lost family in the Holocaust, United States.

  14. Mark Aleshnick, son of survivor who lost most of her family in Nazi genocide, United States.

  15. Prof. Haim Bresheeth, son of two survivors of Auschwitz and Bergen Belsen, London.

  16. Todd Michael Edelman, son and grandson of survivors and great-grandson of victims of the Nazi genocide in Hungary, Romania and Slovakia, United States.

  17. Tim Naylor, son of survivor, New Zealand.

  18. Victor Nepomnyashchy, son and grandson of survivors and grandson and relative of many victims, United States.

  19. Tanya Ury, daughter of parents who fled Nazi Germany, granddaughter, great granddaugher and niece of survivors and those who died in concentration camps, Germany.

  20. Rachel Giora, daughter of Polish Jews who fled Poland, Israel.

  21. Jane Hirschmann, daughter of survivors, United States.

  22. Jenny Heinz, daughter of survivor, United States.

  23. Jaap Hamburger, son of survivors and grandchild of 4 grandparents murdered in Auschwitz, The Netherlands.

  24. Elsa Auerbach, daughter of Jewish refugees from Nazi Germany, United States.

  25. Julian Clegg, son and grandson of Austrian refugees, relative of Austrian and Hungarian concentration camp victims, Taiwan.

  26. David Mizner, son of a survivor, relative of people who died in the Holocaust, United States.

  27. Jeffrey J. Westcott, son and grandson of Holocaust survivors from Germany, United States.

  28. Susan K. Jacoby, daughter of parents who were refugees from Nazi Germany, granddaughter of survivor of Buchenwald, United States.

  29. Audrey Bomse, daughter of a survivor of Nazi ethnic cleansing in Vienna, lives in United States.

  30. Daniel Gottschalk, son and grandson of refugees from the Holocaust, relative to various family members who died in the Holocaust, United States.

  31. Barbara Grossman, daughter of survivors, granddaughter of Holocaust victims, United States.

  32. Abraham Weizfeld PhD, son of survivorswho escaped Warsaw (Jewish Bundist) and Lublin ghettos, Canada.

  33. David Rohrlich, son of refugees from Vienna, grandson of victim, United States.

  34. Walter Ballin, son of holocaust survivors, United States.

  35. Fritzi Ross, daughter of survivor, granddaughter of Dachau survivor Hugo Rosenbaum, great-granddaughter and great-niece of victims, United States.

  36. Reuben Roth, son of survivors who fled from Poland in 1939, Canada.

  37. Tony Iltis, father fled from Czechoslovakia and grandmother murdered in Auschwitz, Australia.

  38. Anne Hudes, daughter and granddaughter of survivors from Vienna, Austria, great-granddaughter of victims who perished in Auschwitz, United States.

  39. Mateo Nube, son of survivor from Berlin, Germany. Lives in United States.

  40. John Mifsud, son of survivors from Malta, United States.

  41. Mike Okrent, son of two holocaust / concentration camp survivors, United States.

  42. Susan Bailey, daughter of survivor and niece of victims, UK.

  43. Brenda Lewis, child of Kindertransport survivor, parent’s family died in Auschwitz and Terezin. Lives in Canada.

  44. Patricia Rincon-Mautner, daughter of survivor and granddaughter of survivor, Colombia.

  45. Barak Michèle, daughter and grand-daughter of a survivor, many members of family were killed in Auschwitz or Bessarabia. Lives in Germany.

  46. Jessica Blatt, daughter of child refugee survivor, both grandparents’ entire families killed in Poland. Lives in United States

  47. Maia Ettinger, daughter & granddaughter of survivors, United States.

  48. Ammiel Alcalay, child of survivors from then Yugoslavia. Lives in United States.

  49. Julie Deborah Kosowski, daughter of hidden child survivor, grandparents did not return from Auschwitz, United States.

  50. Julia Shpirt, daughter of survivor, United States.

  51. Ruben Rosenberg Colorni, grandson and son of survivors, The Netherlands.

  52. Victor Ginsburgh, son of survivors, Belgium.

  53. Arianne Sved, daughter of a survivor and granddaughter of victim, Spain.

  54. Rolf Verleger, son of survivors, father survived Auschwitz, mother survived deportation from Berlin to Estonia, other family did not survive. Lives in Germany.

  55. Euvrard Janine, daughter of survivors, France.

  56. H. Fleishon, daughter of survivors, United States.

  57. Barbara Meyer, daughter of survivor in Polish concentration camps. Lives in Italy.

  58. Susan Heuman, child of survivors and granddaughter of two grandparents murdered in a forest in Minsk. Lives in United States.

  59. Rami Heled, son of survivors, all grandparents and family killed by the Germans in Treblinka, Oswiecim and Russia. Lives in Israel.

  60. Eitan Altman, son of survivor, France.

  61. Jorge Sved, son of survivor and grandson of victim, United Kingdom

  62. Maria Kruczkowska, daughter of Lea Horowicz who survived the holocaust in Poland. Lives in Poland.

  63. Sarah Lanzman, daughter of survivor of Auschwitz, United States.

  64. Cheryl W, daughter, granddaughter and nieces of survivors, grandfather was a member of the Dutch Underground (Eindhoven). Lives in Australia.

  65. Chris Holmquist, son of survivor, UK.

  66. Beverly Stuart, daughter and granddaughter of survivors from Romania and Poland. Lives in United States.

  67. Peter Truskier, son and grandson of survivors, United States.

  68. Karen Bermann, daughter of a child refugee from Vienna. Lives in United States.

  69. Rebecca Weston, daughter and granddaughter of survivor, Spain.

  70. Prof. Yosefa Loshitzky, daughter of Holocaust survivors, London, UK.

  71. Marion Geller, daughter and granddaughter of those who escaped, great-granddaughter and relative of many who died in the camps, UK.

  72. Susan Slyomovics, daughter and granddaughter of survivors of Auschwitz, Plaszow, Markleeberg and Ghetto Mateszalka, United States.

  73. Helga Fischer Mankovitz, daughter, niece and cousin of refugees who fled from Austria, niece of victim who perished, Canada.

  74. Michael Wischnia, son of survivors and relative of many who perished, United States.

  75. Arthur Graaff, son of decorated Dutch resistance member and nazi victim, The Netherlands.

  76. Yael Kahn, daughter of survivors who escaped Nazi Germany, many relatives that perished, UK.

  77. Pierre Stambul, son of French resistance fighters, father deported to Buchenwalk, grandparents disapeared in Bessarabia, France.

  78. Georges Gumpel, son of a deportee who died at Melk, Austria (subcamp of Mauthausen), France.

  79. Emma Kronberg, daughter of survivor Buchenwald, United States.

  80. Hannah Schwarzschild, daughter of a refugee who escaped Nazi Germany after experiencing Kristallnacht, United States.

  81. Rubin Kantorovich, son of a survivor, Canada.

  82. Daniele Armaleo, son of German refugee, grandparents perished in Theresienstadt, United States.

  83. Aminda Stern Baird, daughter of survivor, United States.

  84. Ana Policzer, daughter of hidden child, granddaughter of victim, niece/grandniece of four victims and two survivors, Canada.

  85. Sara Castaldo, daughter of survivors, United States.

  86. Pablo Policzer, son of a survivor, Canada.

  87. Gail Nestel, daughter of survivors who lost brothers, sisters, parents and cousins, Canada.

  88. Elizabeth Heineman, daughter and niece of unaccompanied child refugees, granddaughter of survivors, great-granddaughter and grand-niece of victims, United States.

  89. Lainie Magidsohn, daughter of child survivor and numerous other relatives from Czestochowa, Poland. Lives in Canada.

  90. Doris Gelbman, daughter and granddaughter of survivors, granddaughter and niece of many who perished, United States.

  91. Erna Lund, daughter of survivor, Norway.

  92. Rayah Feldman, daughter of refugees, granddaughter and niece of victims and survivors, UK.

  93. Hadas Rivera-Weiss, daughter of survivors from Hungary, mother Ruchel Weiss née Abramovich and father Shaya Weiss, United States.

  94. Pedro Tabensky, son of survivor of the Budapest Ghetto, South Africa.

  95. Allan Kolski Horwitz, son of a survivor; descendant of many, many victims, South Africa.

  96. Monique Mojica, child of survivor, relative to many victims murdered in Auschwitz. Canada.

  97. Mike Brecher, son of a Kindertransport survivor and grandson of two who did not survive. UK.

 

Grandchildren of survivors

 

  1. Raphael Cohen, grandson of Jewish survivors of the Nazi genocide, United States.

  2. Emma Rubin, granddaughter of a survivor of the Nazi genocide, United States.

  3. Alex Safron, grandson of a survivor of the Nazi genocide, United States.

  4. Danielle Feris, grandchild of a Polish grandmother whose whole family died in the Nazi Holocaust, United States.

  5. Jesse Strauss, grandson of Polish survivors of the Nazi genocide, United States.

  6. Anna Baltzer, granddaughter of survivors whose family members perished in Auschwitz (others were members of the Belgian Resistance), United States.

  7. Abigail Harms, granddaughter of Holocaust survivor from Austria, Now lives in United States.

  8. Tessa Strauss, granddaughter of Polish Jewish survivors of the Nazi genocide, United States.

  9. Caroline Picker, granddaughter of survivors of the Nazi genocide, United States.

  10. Amalle Dublon, grandchild and great-grandchild of survivors of the Nazi holocaust, United States.

  11. Antonie Kaufmann Churg, 3rd cousin of Ann Frank and grand-daughter of NON-survivors, United States.

  12. Aliza Shvarts, granddaughter of survivors, United States.

  13. Linda Mamoun, granddaughter of survivors, United States.

  14. Abby Okrent, granddaughter of survivors of the Auschwitz, Dachau, Stuttgart, and the Lodz Ghetto, United States.

  15. Ted Auerbach, grandson of survivor whose whole family died in the Holocaust, United States.

  16. Beth Bruch, grandchild of German Jews who fled to US and great-grandchild of Nazi holocaust survivor, United States.

  17. Bob Wilson, grandson of a survivor, United States.

  18. Katharine Wallerstein, granddaughter of survivors and relative of many who perished, United States.

  19. Sylvia Finzi, granddaughter and niece of Holocaust victims murdered in Auschwitz, London and Berlin. Now lives in London.

  20. Esteban Schmelz, grandson of KZ-Theresienstadt victim, Mexico City.

  21. Françoise Basch, grand daughter of Victor and Ilona Basch murdered by the Gestapo and the French Milice, France.

  22. Gabriel Alkon, grandson of Holocaust survivors, Untied States.

  23. Nirit Ben-Ari, grandchild of Polish grandparents from both sides whose entire family was killed in the Nazi Holocaust, United States.

  24. Heike Schotten, granddaughter of refugees from Nazi Germany who escaped the genocide, United States.

  25. Ike af Carlstèn, grandson of survivor, Norway.

  26. Elias Lazarus, grandson of Holocaust refugees from Dresden, United States and Australia.

  27. Laura Mandelberg, granddaughter of Holocaust survivors, United States.

  28. Josh Ruebner, grandson of Nazi Holocaust survivors, United States.

  29. Shirley Feldman, granddaughter of survivors, United States.

  30. Nuno Cesar Ferreira, grandson of survivor, Brazil.

  31. Andrea Land, granddaugher of survivors who fled programs in Poland, all European relatives died in German and Polish concentration camps, United States.

  32. Sarah Goldman, granddaughter of survivors of the Nazi genocide, United States.

  33. Baruch Wolski, grandson of survivors, Austria.

  34. Frank Amahran, grandson of survivor, United States.

  35. Eve Spangler, granddaughter of Holocaust NON-survivor, United States.

  36. Gil Medovoy, grandchild of Fela Hornstein who lost her enitre family in Poland during the Nazi genocide, United States.

  37. Michael Hoffman, grandson of survivors, rest of family killed in Poland during Holocaust, live in El Salvador.

  38. Sarah Hogarth, granddaughter of a survivor whose entire family was killed at Auschwitz, United States.

  39. Tibby Brooks, granddaughter, niece, and cousin of victims of Nazis in Ukraine. Lives in United States.

  40. Dan Berger, grandson of survivor, United States.

  41. Dani Baurer, granddaughter of Baruch Pollack, survivor of Auschwitz. Lives in United States.

  42. Talia Baurer, granddaughter of a survivor, United States.

  43. Evan Cofsky, grandson of survivor, UK.

  44. Annie Sicherman, granddaughter of survivors, United States.

  45. Anna Heyman, granddaughter of survivors, UK.

  46. Maya Ober, granddaughter of survivor and relative of deceased in Teresienstadt and Auschwitz, Tel Aviv.

  47. Anne Haan, granddaughter of Joseph Slagter, survivor of Auschwitz. Lives in The Netherlands.

  48. Oliver Ginsberg, grandson of victim, Germany.

  49. Alexia Zdral, granddaughter of Polish survivors, United States.

  50. Mitchel Bollag, grandson of Stanislaus Eisner, who was living in Czechoslovakia before being sent to a concentration camp. United States.

  51. Vivienne Porzsolt, granddaughter of victims of Nazi genocide, Australia.

  52. Lisa Nessan, granddaughter of survivors, United States.

  53. Kally Alexandrou, granddaughter of survivors, Australia.

  54. Laura Ostrow, granddaughter of survivors, United States

  55. Anette Jacobson, granddaughter of relatives killed, town of Kamen Kashirsk, Poland. Lives in United States.

  56. Tamar Yaron (Teresa Werner), granddaughter and niece of victims of the Nazi genocide in Poland, Israel.

  57. Antonio Roman-Alcalá, grandson of survivor, United States.

  58. Jeremy Luban, grandson of survivor, United States.

  59. Heather West, granddaughter of survivors and relative of other victims, United States.

  60. Jeff Ethan Au Green, grandson of survivor who escaped from a Nazi work camp and hid in the Polish-Ukranian forest, United States.

  61. Johanna Haan, daughter and granddaughter of victims in the Netherlands. Lives in the Netherlands.

  62. Aron Ben Miriam, son of and nephew of survivors from Auschwitz, Bergen-Belsen, Salzwedel, Lodz ghetto. Lives in United States.

  63. Noa Shaindlinger, granddaughter of four holocaust survivors, Canada.

  64. Merilyn Moos, granddaughter, cousin and niece murdered victims, UK.

  65. Ruth Tenne, granddaughter and relative of those who perished in Warsaw Ghetto, London.

  66. Craig Berman, grandson of Holocaust survivors, UK.

  67. Nell Hirschmann-Levy, granddaughter of survivors from Germany. Lives in United States.

  68. Osha Neumann, grandson of Gertrud Neumann who died in Theresienstadt. Lives in United States.

  69. Georg Frankl, Grandson of survivor Ernst-Immo Frankl who survived German work camp. Lives in Germany.

  70. Julian Drix, grandson of two survivors from Poland, including survivor and escapee from liquidated Janowska concentration camp in Lwow, Poland. Lives in United States.

  71. Katrina Mayer, grandson and relative of victims, UK.

  72. Avigail Abarbanel, granddaughter of survivors, Scotland.

  73. Denni Turp, granddaughter of Michael Prooth, survivor, UK.

  74. Fenya Fischler, granddaughter of survivors, UK.

  75. Yakira Teitel, granddaughter of German Jewish refugees, great-granddaughter of survivor, United States.

  76. Sarah, granddaughter of survivor, the Netherlands.

  77. Susan Koppelman, granddaughter of survivor, United States

  78. Hana Umeda, granddaughter of survivor, Warsaw.

  79. Jordan Silverstein, grandson of two survivors, Canada.

  80. Daniela Petuchowski, granddaughter of survivors, United States.

  81. Aaron Lerner, grandson of survivors, United States.

  82. Judith Bernstein, granddaughter of Holocaust victims in Auschwitz, Germany.

  83. Samantha Wischnia, granddaughter and great niece of survivors from Poland, United States.

  84. Elizabeth Wischnia, granddaughter and grand niece of three holocaust survivors, great aunt worked for Schindler, United States.

  85. Daniel Waterman, grandson of survivor, The Netherlands.

  86. Elana Baurer, granddaughter of survivor, United States.

  87. Pablo Roman-Alcala, grandson of participant in the kindertransport and survivor, Germany.

  88. Karine Abdel Malek, grandchild of survivor, Henri Waisman, Morocco.

  89. Elana Baurer, granddaughter of survivor, United States.

  90. Lillian Brown, granddaughter of survivor, United States.

  91. Devin Cahn, grandson of survivors, United States.

  92. Daniel Lévyne, grandson of a deportee, France.

  93. Emilie Ferreira, granddaughter of survivors, Switzerland.

  94. Chaim Neslen, grandchild of many victims and friend of many survivors, UK.

  95. Ann Jungmann, granddaughter to three victims, UK.

  96. Ellie Schling, granddaughter of a survivor, UK.

  97. Danny Katch, grandson of survivors, United States.

  98. Elisa Levi, granddaughter of three survivors, United States.

  99. Karen Pomer, granddaughter of member of Dutch resistance and survivor of Bergen Belsen. Now lives in the United States.

  100. Gilda Mitchell Katz, granddaughter of survivors, uncle and aunt killed In Dombrova, Canada.

  101. Smadar Carmon, my grandparents and uncle were killed in the camps, Canada.

  102. Dana Newfield, granddaughter of survivor and relative of many murdered, United States.

  103. Ilana Guslits, granddaughter of two Polish survivors, Canada.

  104. Gerald Coles-Kolsky, grandson of victims in Poland and France, United States.

  105. Lesley Swain, granddaughter and cousin of survivors, UK.

  106. Myera Waese, granddaughter of survivors of Bergen Belsen, Canada.

  107. Ronni Seidman, grandchild of survivors. United States.

  108. Mike Shatzkin, grandchild of survivors, some family members murdered and some who died in the Warsaw Ghetto uprising. United States.

  109. Nance Shatzkin, grandchild of survivors, some family members murdered and some who died in the Warsaw Ghetto uprising. United States.

  110. Karen Shatzkin, grandchild of survivors, some family members murdered and some who died in the Warsaw Ghetto uprising. United States.

  111. Myriam Burger, granddaughter of survivor. United States.

  112. Andre Burger, grandson of survivor Myriam Cohn, great-grandson of Sylvia Cohn and great-nephew of Esther Lore Cohn, both murdered in Auschwitz, United States.

 

Great-grandchildren of survivors

 

  1. Natalie Rothman, great granddaughter of Holocaust victims in Warsaw. Now lives in Canada.

  2. Yotam Amit, great-grandson of Polish Jew who fled Poland, United States.

  3. Daniel Boyarin, great grandson of victims of the Nazi genocide, United States.

  4. Maria Luban, great-granddaughter of survivors of the Holocaust, United States.

  5. Mimi Erlich, great-granddaughter of Holocaust victim, United States.

  6. Olivia Kraus, great-grandaughter of victims, granddaughter and daughter of family that fled Austria and Czechoslovakia. Lives in United States.

  7. Emily (Chisefsky) Alma, great granddaughter and great grandniece of victims in Bialystok, Poland, United States.

  8. Inbal Amin, great-granddaughter of a mother and son that escaped and related to plenty that didn’t, United States.

  9. Matteo Luban, great-granddaughter of survivors, United States.

  10. Saira Weiner, greatgranddaughter and niece of those murdered in the Holocaust, granddaughter of survivors, UK.

  11. Andrea Isaak, great-granddaughter of survivor, Canada.

  12. Alan Lott, great-grandson of a number of relatives lost, United States.

  13. Sara Wines, great-granddaughter of a survivor and great-great granddaughter of victims, United States.

 

Other relatives of survivors

 

  1. Terri Ginsberg, niece of a survivor of the Nazi genocide, United States.

  2. Nathan Pollack, relative of Holocaust survivors and victims, United States.

  3. Marcy Winograd, relatives of victims, United States.

  4. Rabbi Borukh Goldberg, relative of many victims, United States.

  5. Martin Davidson, great-nephew of victims who lived in the Netherlands, Spain.

  6. Miriam Pickens, relative of survivors, United States.

  7. Dorothy Werner, spouse of survivor, United States.

  8. Hyman and Hazel Rochman, relatives of Holocaust victims, United States.

  9. Rich Siegel, cousin of victims who were rounded up and shot in town square of Czestochowa, Poland. Lives in United States.

  10. Ignacio Israel Cruz-Lara, relative of survivor, Mexico.

  11. Debra Stuckgold, relative of survivors, United States.

  12. Joel Kovel, relatives killed at Babi Yar, United States.

  13. Carol Krauthamer Smith, niece of survivors of the Nazi genocide, United States.

  14. Chandra Ahuva Hauptman, relatives from grandfather’s family died in Lodz ghetto, one survivor cousin and many deceased from Auschwitz, United States.

  15. Shelly Weiss, relative of Holocaust victims, United States.

  16. Carol Sanders, niece and cousin of victims of Holocaust in Poland, United States.

  17. Sandra Rosen, great-niece and cousin of survivors, United States.

  18. Raquel Hiller, relative of victims in Poland. Now lives in Mexico.

  19. Alex Kantrowitz, most of father’s family murdered Nesvizh, Belarus 1941. Lives in United States.

  20. Michael Steven Smith, many relatives were killed in Hungary. Lives in United States.

  21. Linda Moore, relative of survivors and victims, United States.

  22. Juliet VanEenwyk, niece and cousin of Hungarian survivors, United States.

  23. Anya Achtenberg, grand niece, niece, cousin of victims tortured and murdered in Ukraine. Lives in United States.

  24. Betsy Wolf-Graves, great niece of uncle who shot himself as he was about to be arrested by Nazis, United States.

  25. Abecassis Pierre, grand-uncle died in concentration camp, France.

  26. Robert Rosenthal, great-nephew and cousin of survivors from Poland. Lives in United States.

  27. Régine Bohar, relative of victims sent to Auschwitz, Canada.

  28. Denise Rickles, relative of survivors and victims in Poland. Lives in United States.

  29. Louis Hirsch, relative of victims, United States.

  30. Concepción Marcos, relative of victim, Spain.

  31. George Sved, relative of victim, Spain.

  32. Judith Berlowitz, relative of victims and survivors, United States.

  33. Rebecca Sturgeon, descendant of Holocaust survivor from Amsterdam. Lives in UK.

  34. Justin Levy, relative of victims and survivors, Ireland.

  35. Sam Semoff, relative of survivors and victims, UK.

  36. Leah Brown Klein, daughter-in-law of survivors Miki and Etu Fixler Klein, United States

  37. Karen Malpede, spouse of hidden child who then fled Germany. Lives in United States

  38. Michel Euvrard, husband of survivor, France.

  39. Walter Ebmeyer, grandnephew of three Auschwitz victims and one survivor now living in Jerusalem, United States.

  40. Garrett Wright, relative of victims and survivors, United States.

  41. Lynne Lopez-Salzedo, descendant of three Auschwitz victims, United States.

  42. Renee Leavy, 86 victims in my mother’s family, United States.

  43. Steven Kohn, 182 victims in my grandparents’ families, United States.

  44. Dorah Rosen Shuey, relative of many victims and 4 survivors, United States.

  45. Carol Lipton, cousin of survivors, United States.

  46. Catherine Bruckner, descendent of Czech Jewish victims of the holocaust, UK.

  47. Susan Rae Goldstein, carrying the name of my great-aunt Rose Frankel, from Poland and murdered along with many other family members, Canada.

  48. Jordan Elgrably, nephew of Marcelle Elgrably, killed in Auschwitz, United States.

  49. Olivia M Hudis, relative of Auschwitz victims, United States.

  50. Peter Finkelstein, relative of victims and survivors, Germany.

  51. Colin Merrin, descendant of Polish and Belarusian Jewish victim


                                                                ***********


JUDEUS SOBREVIVENTES E DESCENDENTES DE SOBREVIVENTES E VITIMAS DO GENOCIDIO NAZI CONDENAM INEQUIVOCAMENTE O MASSACRE DE PALESTIANOS EM GAZA







Como Judeus sobreviventes e descendentes de sobreviventes e vitimas do genocídio nazi, condenamos inequivocamente o massacre dos Palestinianos em Gaza e a continuada ocupação e colonização da Palestina histórica. Condenamos também os Estados Unidos por financiarem Israel com os fundos necessários para levar a cabo o ataque, e os Governos Ocidentais por usarem a sua influencia diplomática como meio de impedir a condenação de Israel. O genocídio começa com o silencio do mundo.




Sentimos-nos altamente alarmados pela racista desumanização dos Palestinianos levada a cabo pela sociedade Israelita, que atingiu um grau elevado. Em Israel, políticos e comentadores abertamente defendem nas páginas do “The Times of Israel” e do “Jerusalém Post”, o genocídio dos Palestinianos, e Israelitas politicamente de direita adoptam insígnias neo-nazis.




Sentimos-nos ultrajados pelo abuso da nossa História levada a cabo por Elie Wiesel nas páginas desses jornais, tentando justificar o que não tem justificação: A determinação de Israel em destruir Gaza e o assassinato de cerca de duas mil pessoas, incluindo muitas centenas de crianças. Nada pode justificar o bombardeamento de abrigos da UN, casas, hospitais e universidades. Nada pode justificar privarem-se as populações de electricidade e água.




É nosso dever fazer ouvir a nossa voz  e fazer sentir a nossa força no sentido de serem abolidas todas as formas de racismo, incluindo o presente genocídio do povo Palestiniano. Exigimos o fim imediato do cerco e bloqueio a Gaza. Defendemos um boicote económico, cultural e académico a Israel.
“Nunca mais” tem de significar NUNCA MAIS PARA TODOS !




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 O ego

18/8/2014

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             É com CR7 o único que ainda afaga o ego nacional
                                  Estejemos agradecidos

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O Zé Caçador

16/8/2014

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                                     O Zé Caçador




O que se pode oferecer a quem já tem tudo ? Mais do mesmo, é a resposta. Mas se esse alguém é  banqueiro ? A solução é óbvia: Pois mais dinheiro ainda.

Isto vem a propósito de se ter sabido que um quase desconhecido, de seu nome José Guilherme, num gesto de principesca largesse, ofereceu ao banqueiro Ricardo Salgado a bagatela de 14 milhões de dólares.

Tal como na Astronomia, onde foi necessário criar os parsecs e depois os megaparsecs, que são unidades para medir distancias...astronómicas, em Portugal foi inventada uma nova unidade monetária chamada Pipa. Não conheço a tabela de equivalências mas acho que, na modéstia do meu viver, essa prenda a Salgado valerá o equivalente senão a uma Pipa,  pelo menos a meia Pipa de massa.

Mas o que sei é que, estando eu ávido por noticias devido aos últimos acontecimentos, não tenho tido outro remédio senão gastar dinheiro na assinatura diária de jornais portugueses  e assim pude conhecer a existência desse awesome José Guilherme.

Procurei no Oxford Dictionary sinónimos que me ajudassem a traduzir o adjectivo para português, e o que encontrei foi daunting, impressing, amazing, incredible, astonishing, e como exemplo da palavra usada em contexto :“The awesome power of the atomic bomb”.

Será exagerado comparar o personagem à bomba atómica senão talvez pelo impacto que a sua fortuna , que vale certamente várias Pipas de massa, teve numa sociedade pelintra como a portuguesa, mas o certo é que o seu gesto lhe garantiu lugar na História Pátria, sendo necessário recuar muito no tempo para se encontrar algo que se assemelhe:

Quando Catarina de Bragança cuja memória aqui ainda perdura, e não só por se beber chá, casou com Carlos II levou como prenda de noivado as cidades de Tanger e de Bombaim.

Muito antes, D. Manuel I teve um gesto que será lembrado ad aeternum ao oferecer em 1514 ao Papa Leão X um elefante branco chamado Hanno, o qual causou na Europa de então uma enorme sensação.

Poderão ambos os casos ser comparados à oferta de José Guilherme ? Acho que não, primeiro porque estes eram de assuntos de Estado, e principalmente porque são em generosidade pura muito inferiores à deste benfeitor.

No caso de Catarina, Tanger era uma verdadeira maçada que só dava despesa e Bombaim uma constante preocupação, sendo ambas as cidades um enorme fardo para o erário público, e foi com alivio geral que foram vistas sair pela Barra do Tejo fora .

Já para D. Manuel I, o elefante branco era... um elefante branco, completamente inútil, e foi considerado um achado envia-lo de presente ao Papa, o que custou ao Pontífice umas largas centenas de ducados por ano para manter o bicho, o que seria na época outra Pipa de massa.

Já José Guilherme foi único no seu desprendimento, no desinteresse com que deixou cair na malga de Salgado os tais milhões, o que não deixa de ser uma lição do destino quando se vê  alguém conhecido por Zé Construtor a  dar uns trocados ao banqueiro e não o contrário.

A este ultimo conhece-se o seu nascimento num berço de ouro mas o de Zé Grande, como também é chamado, foi muito provavelmente mais do género bíblico, o que não deslustra muito pelo contrário.

Mas o que para mim é sempre motivo de admiração é o facto de, por muito humilde que seja o começo, uma vez feita fortuna os felizardos rapidamente adquirem com camaleonico mimetismo os gostos e tiques de old money, como se seguissem um check-list do qual consta obrigatoriamente a caça e, não fosse para alguns a bola ser demasiado caprichosa para entrar no buraco, também o golfe, tudo entremeado com viagens a Nova Iorque para um lustro de pseudo cosmopolitismo, e tendo felizmente ficado para trás os tempos do bagacinho, não se bebe outra coisa que não seja single malt whisky com o mínimo de 18 anos, if you please.

Um dos jornais sempre solicito, publica uma ampla reportagem onde se pode ver o nosso Zé na sua esplêndida herdade do Alentejo onde recebe la crème de la crème , o Who's Who lusitano, os Espíritos Santos (et pour cause...), Sousa Cintra, Cavaco, Dias Loureiro et al. e onde se realizam memoráveis caçadas após as quais os convidados são levados a almoçar num restaurante do sitio, o que é uma ideia simpática porque evita as discussões sobre quem tem depois  lavar a louça.

Numa foto pode-se ver o orgulhoso proprietário empunhando a espingarda: O boné parece ser da Barbour, o que é um bom sinal, já a arma é decepcionante e não sei como se deixa fotografar com outra coisa que não seja uma Purdey ou, vá lá, uma Holland & Holland, coisas para custarem apenas umas 60.000 libras cada, não indo às mais caras, uma bagatela portanto para ele. Mas demos-lhe tempo que ele aprende e vai lá.

Aqui as classes possidentes não têm nenhum Alentejo para caçar, o país é demasiado populoso para isso. O que mais se aproxima são as Highlands da Escócia onde se caça a galinhola mas é longe, faz frio e chove, nada prático portanto.

Cá para baixo também não se atira às perdizes: Talvez pelo clima, talvez por serem consideradas aves demasiadamente rústicas, talvez pelos gostos serem mais requintados, o que se caça é o faisão.

Mas o desporto favorito da upper class é muito protegido pelo governo conservador e ainda agora foi levantada a questão do custo das licenças de caça cujo preço de 50 libras se mantém inalterado desde 2001. A Policia, que é a entidade que as emite , calcula porém que o custo actual é de 196 libras, e quando o pretendia actualizar veio a mão protectora do Primeiro-Ministro impedindo o que considerou ser um esbulho aos seus pares de classe social. O Country Land and Business Association, que representa os caçadores do Partido Conservador, considerou injusto que os seus membros tivessem de pagar o custo real dessas licenças, o que porém acontece com os Passaportes e Cartas de Condução. Temos assim que em consequência os contribuintes subsidiam o desporto dos ultra-ricos com 17 milhões de libras/ano.

Mas coisas ainda mais estranhas se passam:

Os faisões são criados em aviários e são considerados animais para consumo humano, (livestock), e por isso essa actividade beneficia de vários incentivos e benefícios fiscais e redução do IVA. Quando porém são largados nas coutadas, instantaneamente passam a ser considerados animais selvagens, de outro modo não podiam ser abatidos a tiro. No final da época os que escapam são apanhados com redes e voltam aos aviários e à sua condição de animais para consumo, até ao próximo ano quando voltam a ser largados e sofrem nova metamorfose legal. Ora isto acho que nem o Zé Grande consegue na sua herdade do Alentejo !




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Veraneantes

13/8/2014

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                          OS VERANEANTES




Segundo os jornais, o primeiro-ministro português continua prudentemente de férias no Algarve enquanto se vão sentindo as réplicas do sismo que provocou o desabamento do BES. Como sucede frequentemente estas réplicas são quase tão fortes como o sismo original, e vão paulatinamente destruindo o pouco que ficou de pé. Por outro lado os movimentos da crosta terrestre, de tão intensos que são, trazem à superfície o que ninguém adivinhava existir debaixo da terra: Verdadeiras assombrações que agora vêm a luz do dia sendo capazes de assustar o mais corajoso.

Por extraordinário acaso do destino David Cameron, o colega britânico de S. Exa. , também está a banhos em Portugal e tal como ele faz orelhas moucas aos apelos para regressar à sua capital.

Em Londres ficou Philip Hammond, o seu recém empossado Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, (cada um usa o Costa que tem), e foi ele que anunciou urbi et orbi que o Reino Unido iria enviar para o Iraque caças Tornado com o fim de participarem no auxilio humanitário às populações deslocadas devido à ofensiva dos militantes islâmicos. Não é precisa muita imaginação para se perceber qual é a “humanidade” das missões ao alcance desses aviões o que, esquisitices da política local, levou a que fosse pedida ao Primeiro-Ministro a convocação urgente do Parlamento para discutir o que pode ser um envolvimento do Reino Unido num conflito armado. Mas David Cameron, estando em Cascais ao que se julga, e provavelmente amolecido pela amenidade do clima, simpatia das populações e delicias da cozinha local, não fez até agora prova de vida.

É preciso acrescentar que Nick Clegg, o Vice Primeiro-Ministro, está em Espanha e entre tapas e tintos de verano está tão incontactável como o chefe do governo, e Theresa May, a Home Secretary, equivalente a Ministro do Interior, está nos Alpes provavelmente num pico inacessível e portanto também fora de alcance.

Este avestruzismo que atacou os políticos de ambos os países não é propriamente difícil de entender:

Exactamente há um ano David Cameron convocou o Parlamento tentando obter autorização para intervir militarmente na Síria, ajudando os insurgentes islâmicos que combatiam o regime de Bashar el-Assad. A votação que se seguiu traduziu-se numa humilhante derrota para o Primeiro-Ministro, com muitos dos deputados do seu próprio partido votando contra a proposta.

Agora o que estaria em causa era, nem mais nem menos, a autorização para atacar os amigos de há apenas um ano atrás e hoje declarados inimigos , o que evidentemente poria a questão se Cameron estava enganado e portanto demonstrou então ser insensato, ou se estava afinal certo e é desta vez que está errado.

Por outro lado Obama não consta que esteja a veranear mas certamente gostaria, pois a situação que enfrenta não é menos difícil:

Acontece que o Presidente americano demitiu sumariamente o Primeiro-Ministro iraquiano Nouri al- Maliki, supostamente chefe de governo de um país soberano, justificada como sendo uma medida indispensável para preservar a unidade nacional do Iraque. Ora perante o avanço imparável dos militantes do ISIS, Obama decidiu fornecer armas aos curdos, etnia que luta pela independência do Curdistão iraquiano , o que faz com que Obama esteja simultaneamente a favor e contra a unidade do Iraque.

E tudo isto acontece na supostamente “silly season” , restando esperar pelos próximos capítulos.

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Not in my name

10/8/2014

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Um comentário de Fernando Vouga sobre o post “In memory”, que versava sobre as mortes das crianças palestinianas em Gaza, faz-me voltar ao assunto. Tive a honra de servir sob o comando do Cor. Vouga a quem me ligam laços de amizade e respeito, cimentados por tantos momentos difíceis vividos juntos.

Oxalá que estes elementos sejam úteis na procura sempre incessante pela verdade e pelo que é justo:



Um dos erros mais comuns quando se fala do conflito Israel-palestiniano é descreve-lo como um combate entre iguais. Nada menos verdadeiro, como demonstram as irrisórias baixas dum lado quando comparadas com as do outro.

Outra afirmação corrente é a de que Israel tem o direito de se defender, o que em principio é correcto, mas que esquece que o direito de auto-defesa tem, em qualquer esfera jurídica , de ser proporcional à agressão. Ora os efeitos dos milhares de misseis, que segundo Israel foram disparados pelo Hamas contra o seu território, são negligenciáveis graças a um muito eficaz escudo anti-missil, o que torna a resposta de Israel que causou quase dois milhares de mortos, entre os quais se contam perto de cinco centenas de crianças, não proporcional logo moralmente inaceitável. Aliás é de notar que quem mais fala nesse direito de Israel, muito convenientemente não menciona quais serão os dos Palestinianos. Também não se diz que é reconhecido pelo Direito Internacional que os chamados Territórios Ocupados desde 1967 são de jure territórios palestinianos. Recentemente, nos acordos de Oslo, foi aceite a criação de dois Estados, Israel e Palestina. Do lado árabe muitas foram as cedências para ser possível a assinatura do Tratado, mas desde então a incessante criação por parte de Israel de novos colonatos reduziu a área hoje disponível a 12% do originalmente acordado. Mesmo essa pequena parcela restante não tem continuidade territorial, o que leva a que os palestinianos vivam numa espécie de Bantustões, pequenos enclaves rodeados por muros e arame farpado, reservas de mão-de-obra barata, em tudo semelhantes ao projecto de apartheid do regime racista sul-africano de má memória.


Mas melhor que ninguém  Ahron Bergman, escritor e jornalista, (Israel, 1958- ), é que pode ajudar a compreender a complexa realidade, num artigo de sua autoria publicado no ultimo numero da revista “New Statesman”, onde descreve aspectos desconhecidos do presente conflito .

Bergman foi Oficial de Artilharia do IDF (Exército de Israel), e foi nessa qualidade que participou nas campanhas do Sul do Libano em 1978 e na invasão desse mesmo país em 1980.

Mais tarde mudou-se para o Reino Unido, onde concluiu a formação académica com um doutoramento no Kings College (London). Escreveu vários livros sobre os conflitos do Médio-Oriente:




“Um dos argumentos mais repetidos pelos Israelitas é que o Hamas se esconde deliberadamente atrás dos civis palestinianos, usando-os como escudos humanos. Por isso, afirma Israel, o Hamas é o verdadeiro responsável pela morte de mais de 1.850 habitantes de Gaza, na maioria civis, e na sua destruição em grande parte pelos bombardeamentos, que visavam atacar essa facção Islâmica.


É verdade que o Hamas conduz a luta dentro de áreas urbanas. A geografia e a demografia da Faixa de Gaza a isso obriga. Gaza tem sensivelmente um quarto da área de Londres e nela habitam perto de 1.8 milhões de pessoas, o que a torna uma das zonas mais densamente povoadas do mundo.

Para o Hamas seria praticamente impossível localizar zonas livres de ocupação humana de onde pudesse levar a cabo uma chamada “guerra limpa” contra o exército israelita.

Da mesma maneira. Binyamin Netanyahu e o seu comando militar, não dirigem as operações a partir de uma tenda no deserto, mas sim do Quartel do Estado Maior localizado no centro de Tel-Aviv. É legitimo por isso também dizer que eles também “se escondem atrás de civis” sendo como é Tel-Aviv a área mais densamente povoada de Israel.

Um dos meios mais importantes, embora não assumido, com que Israel combate os seus inimigos consiste na manipulação das populações civis. O Estado há muito que usa civis inocentes para atingir os seus objectivos de guerra. Estes métodos tiveram origem nas guerras no Líbano; Eu, como oficial de artilharia, participei nessas campanhas no final dos anos 70 e inicio dos anos 80, e pude testemunhar como essa estratégia foi desenvolvida e implementada.

O que fazíamos no Sul do Líbano era disparar granadas de artilharia contendo folhetos aconselhando as populações a abandonar as suas casas “para sua própria segurança”. Depois arrasávamos as habitações como parte da nossa guerra contra a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e mais tarde contra o Hezbollah, afirmando que as mencionadas organizações “se escondiam nessas aldeias, usando os habitantes como escudos humanos”.

Era importante obrigar as populações a abandonar as suas casas para evitar vitimas e portanto a condenação da comunidade internacional, mas a principal razão para isso era simplesmente tornar-lhes a vida num inferno; fazê-los andar durante horas no escuro, muitas vezes carregando os seus parcos haveres, A intenção de Israel era que as culpas pelo sofrimento seriam atribuídas pelos aldeãos não às suas tropas, mas sim à OLP e ao Hezbollah.

Igualmente, em Gaza, esta táctica de punir os civis na esperança que se voltem contra os líderes do Hamas tem sido empregue pelos Israelitas desde que este tomou o poder em 2006. Isto explica o bloqueio económico a Gaza que estrangulou a sua economia. O esforço de Israel tentando diminuir o apoio ao Hamas é mais intenso do que nunca, com os aviões a largarem folhetos aconselhando as populações a abandonar as suas casas antes de largarem as bombas que as irão destruir, e que na maioria das vezes acertam em alvos que nada têm a ver com esse Movimento.

Este cruel método de tentar fazer com que os árabes se voltem contra os seus líderes nunca resultou. Não resultou no Líbano nem resultará em Gaza. Tudo o que faz é aumentar o ódio e a raiva dos civis: Não contra os seus líderes- antes a OLP e o Hezbollah, agora o Hamas- mas contra Israel, tornando a paz entre este e os seus vizinhos ainda mais difícil de atingir.”




Ahron Bregman publicou recentemente “Cursed Victory: a History of Israel and the Occupied Territories” (Allen Lane, £25)

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