A Gazeta do Middlesex

Bailey's

11/11/2017

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                                         BAILEY'S


Se o leitor é apreciador deste licor Irlandês então o meu conselho é que o beba enquanto pode porque com o Brexit esse será um dos pequenos prazeres da vida que vai acabar.
Tudo porque o principal centro produtor da bebida fica na Irlanda do Norte mas o leite, ingrediente indispensável para o seu fabrico, é transportado diariamente da Republica da Irlanda.
Ora ambas fazem por enquanto parte da União Europeia, aliás a adesão do Reino Unido e da Republica foi simultânea em 1973, ou seja estiveram sempre do mesmo lado: Primeiro os dois fora e depois os dois dentro.

Foi a adesão à Europa que criou as condições propicias para que fosse celebrado em 1998 um acordo de paz que pôs termo à guerra civil entre Católicos e Protestantes e que ficou conhecido como o Acordo da Sexta-Feira Santa. E com ele veio a abolição das fronteiras físicas entre as duas Irlandas, uma das mais policiadas e perigosas do mundo, e a possibilidade inesperada de nos podermos deliciar com um cálice do nosso licor.


Mas as coisas estão prestes a mudar: Pela primeira vez a ROI, sigla porque é conhecida a Republica da Irlanda, continuará fazendo parte da UE, enquanto que o Reino Unido não. E com a mudança vem a necessidade de repor a fronteira, a menos que se consiga um acordo que cada vez mais parece impossível de obter.
Pelo lado Europeu há a recusa que na fronteira com um país terceiro, (como são chamados os países não pertencentes à UE, caso da Irlanda do Norte após o Brexit), não existam controles apertados : Isso seria permitir uma porta de entrada de bens não conformes com os regulamentos existentes que salvaguardam, por exemplo, a segurança alimentar, para não falar da fuga ao pagamento das tarifas aduaneiras, tudo constituindo um comércio completamente ilegal.


Uma solução possível seria após o Brexit a Irlanda do Norte continuar a pertencer à União Aduaneira e ao Mercado Único juntamente com a ROI, sendo marítima a fronteira de ambos com um país “terceiro”, neste caso o Reino Unido.
Mas a isto opõe-se ferozmente o DUP, um partido de direita radical fundado pelo Reverendo Ian Paisley que defende à outrance a total união com a Grã-Bretanha. Ora é precisamente o DUP que permite a sobrevivência do Governo Conservador de Theresa May com o voto dos seus 10 deputados no Parlamento de Londres, voto esse que custou a bagatela de bilião e meio de Libras ao contribuinte Britânico.

Entretanto o representante Britânico nas negociações, David Davis, sobre o assunto nada diz, além de propor uma vaga “fronteira electrónica” entre as duas Irlandas não se dando no entanto ao trabalho de esclarecer como funcionaria essa mítica fronteira. Vive portanto no mundo das quimeras.
Portanto, caro leitor, a coisa está feia. Proponho que, à cautela e enquanto podemos, vamos mas é bebendo mais uns calices de Bailey’s !



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