CEM ANOS DEPOIS
O poema de Walt Whitman lembra de uma maneira poeticamente inigualável que para nós humanos, e por milénios, o acto de contemplar o firmamento resulta numa experiência de grande intensidade espiritual e que o cosmos não pode ser reduzido a um mero somatório de estrelas, planetas, constelações e galáxias, tudo regido por leis físicas apenas.
Mais de cem anos depois outro americano, Ronald Dworkin, no seu derradeiro livro “A Religião sem Deus”, usa a mesma perspectiva mas para defender uma posição filosófica de grande ousadia intelectual.
Dworkin que foi filósofo, eminente professor de Direito, destacado dirigente do Liberalismo americano e senhor de uma mente brilhante, conceptualmente sofisticada e analiticamente apurada sempre ao serviço de grandes causas morais ou políticas , ao escrever “A Religião sem Deus” propõe um desafio ao nosso entendimento ou não fosse Deus ser tido como um elemento constitutivo da Religião.
É verdade que Dworkin não é o primeiro a simultaneamente negar a existência de um Deus pessoal na tradição monoteísta, mas a admitir a existência de Um impessoal na tradição do credo de Espinoza : “Deus sive Natura” ou seja: “Deus, que é o mesmo que dizer a Natureza”.
Destes, Alain de Botton é talvez o mais conhecido, e o seu livro “Religião para Ateus”, (que está traduzido e publicado em Portugal), é de leitura obrigatória.
Muito havia a dizer sobre a obra de Dworkin mas eu, blogger principiante que sou, aprendi que um post deve respeitar certos limites logo pensando que o que é essencial é transmitir que para o Autor a beleza sublime do Universo é uma qualidade intrínseca e que ele não é apenas constituído por partículas materiais que se agregam segundo certas leis da física e que acontece nós humanos acharmos maravilhoso.
Para Dworkin, mesmo que não existisse um olhar inteligente capaz de formular um juízo sobre a beleza do firmamento, este não perderia a sua qualidade de ser sublime, e se nós assim o vemos isso deve-se a uma resposta adequada da nossa mente quando posta perante a sua magnificência, e que nesses instantes de esmagadora admiração sentimos a presença de uma transcendência, a presença do Divino.