A Gazeta do Middlesex

Da Vida Breve

27/12/2013

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                 DA VIDA BREVE

                  (De Brevitate Vitae ad Paulinum)

 


                        CARTA A PAULINO




                                                                                                                   ***

                                                                                                           Lucius Annaeus Seneca

                                                                                                                   (4bc - 65ad)










A maioria dos seres humanos queixa-se da maldade da natureza por lhes ter destinado uma existencia breve, e porque esse espaço de tempo passa tão fácil e rápidamente que com poucas excepções a vida acaba quando estamos finalmente preparados para a viver. E não é apenas o homem vulgar e a massa de gente ignorante que se lamenta , todos aliás encaram isto como um mal universal; é o mesmo sentimento que está na origem dos queixumes da gente de distinção. Daí a sentença do maior de todos os médicos (1) : “A vida é curta, só a arte é eterna”. Foi essa também a causa do sentimento de injustiça, (impróprio de um sábio), que levou Sócrates a dizer que culpava a natureza por ter dado a certos animais uma existencia que podia ser tão longa como cinco ou dez vidas humanas, enquanto que a homens nascidos para feitos gloriosos foi concedido tão pouco. Mas não é verdade que não tenhamos o tempo suficiente para viver, o que acontece é que desbaratamos grande parte dele. A vida é suficientemente longa, e uma generosa porção foi-nos dada de maneira que possamos realizar as mais altas aspirações se a investirmos bem. Mas se a esbanjarmos descuidadamente em nada que valha a pena, quando chegar a hora da nossa morte seremos forçados a perceber que a vida passou sem nos termos dado conta. Por isso é assim : Não nos foi dada uma vida breve, nós é que a encurtamos pela nossa negligencia.

Da mesma maneira que uma grande fortuna desaparece rápidamente em mãos perdulárias e que uma riqueza modesta, pertença de alguém prudente, pode aumentar com o decorrer do tempo, a nossa vida é suficientemente longa se for bem gerida.

Porque é que nos queixamos da natureza então ? Ela foi boa : A duração da vida chega se a soubermos usar. Mas enquanto que um homem é presa de uma insaciavel ganancia, outro dedica-se a tarefas insignificantes; um vive encharcado em vinho, outro entrega-se à preguiça; um gasta-se perseguindo ambições politicas, o que significa estar sempre à merçê do julgamento alheio, outro na miragem do lucro é levado a percorrer terras e mares distantes entregue ao seu comércio. Há quem tenha paixão pela vida militar e esteja disposto a causar dano a terceiros, mas viva ansioso sobre os perigos que enfrenta. Outro está ao serviço dos interesses de poderosos ingratos e insensiveis. Muitos não têm objectivo definido, mudando constantemente de direcção devido ao seu espirito volúvel e nunca, na sua inconstancia, estão satisfeitos consigo próprios. Há quem viva sem jamais ter almejado coisa alguma, e a morte quando vem apanha-os desprevenidos enquanto bocejam languidamente, de tal maneira que não posso duvidar da verdade daquela observação aparentemente enigmática do maior dos poetas: ”Apenas vivemos uma pequena parcela da vida”. Na realidade tudo o resto não é vida, é apenas tempo. O vicio rodeia e assalta os espiritos em cada canto, não dando tréguas nem permitindo que estes descirnam a verdade, tão acorrentados estão aos seus desejos. Jamais conseguirão ser eles próprios e se acaso conseguirem alguma tranquilidade, será como a ondulação no mar largo que não desaparece com o amainar do vento; esses seus desejos não lhes darão descanço.

Julgarão porventura que falo daqueles cuja maldade é conhecida ? Olhem para aqueles cuja boa sorte destinguiu : Parecem sufocar com tanta abundancia e para muitos a riqueza tornou-se uma carga insuportavel. Quantos parecem emaciados pelo gozo constante dos prazeres ? Quantos não perderam a liberdade sempre rodeados por multidões a solicitar favores ? Numa palavra, percorram-nos a todos, do mais humilde ao mais famoso, e o que encontrarão ? Um pede assistencia legal para outro; outro oferece a sua ajuda em beneficio de terceiros, ninguém parece pedir nada em seu favor : X cultiva a amizade de Y, que por sua vez cultiva a de Z, e assim sucessivamente e ninguem aparenta ter tempo para si próprio. Toda a gente, seja quem for, teve pelo menos uma vez na vida na presença de alguém importante que condescendeu em dar-lhe atenção, mesmo que ostentando um ar de não disfarçada superioridade. A questão é que esse alguém, (que teve o previlégio de ter o ouvido de um poderoso), nunca se deu ao trabalho de se olhar a si próprio e a si próprio dar atenção.

Mesmo as mentes mais brilhantes que alguma vez existiram e às quais fosse pedido ponderarem esta questão demonstrariam uma inusitada surpresa ao verem este espesso nevoeiro que aflige o espirito humano. Homens que não deixariam ninguém invadir as suas propriedades e que à minima disputa sobre as suas fronteiras correriam às armas, deixam que outros se intrometam nas suas vidas, sendo aliás os primeiros a dirigir o convite para que o façam : Não se encontrará ninguém disposto a partilhar o seu dinheiro, mas quantos permitem que lhes retalhem a vida ! As pessoas são frugais na guarda dos seus bens; mas quando se trata de desperdiçar o seu tempo são uns mãos largas e exactamente naquilo onde teriam todo o direito de serem avarentos.

Por isso eu gostaria de encontrar alguém de uma geração mais velha e dizer-lhe:
“Vejo que sendo quase centenário chegou à sua ultima etapa e que é portanto altura de fazer o seu balanço da sua vida: Lembre-se de quanto do seu tempo foi gasto tratando de coisas de dinheiro, quanto dele com amantes ou com patrões e clientes, ou discutindo com sua mulher, castigando os escravos, ou correndo para cumprir as suas obrigações sociais. Considere também as doenças que esses comportamentos lhe causaram, e o tempo que gastou fazendo nada. Chegará fatalmente à conclusão que tem menos anos de vida do que pensa. Recorde-se de durante quanto tempo teve um objectivo definido, de quantos foram os seus dias que correram como planeou, quantos teve para si próprio, quanto foi o tempo em que se sentiu calmo e satisfeito, recorde também as aspirações que conseguiu alcançar numa vida tão longa, e o tempo que perdeu com medos infundados, divertimentos insensatos, desejos gananciosos ou
cedendo à sedução da vida em sociedade, e verá quão pouco restou para si próprio.

Perceberá então que vai morrer prematuramente.”

Mas qual será a razão para esta situação ? Vivemos como se estivessemos destinados a durar eternamente ; nunca nos ocorre pensar na nossa própria velhice ; não damos conta de quanto tempo já passou, e continuamos a gasta-lo como se dele tivessemos uma fonte inesgotavel – mesmo sabendo que o nosso último dia pode ser gasto inconscientemente com alguém ou com alguma coisa sem importancia. Ouve-se muita gente dizer : “Quando chegar aos cinquenta deixo de trabalhar ; quando chegar aos sessenta renunciarei aos meus cargos” Mas quem poderá garantir que se lá chega ? E de quem dependerá que o decurso da vida seja exactamente como o planeamos ? Devias sentir vergonha por apenas deixares para ti próprio apenas os teus últimos dias. São essas as migalhas que sobram quando já não puderes tratar dos teus negócios que destinas para adquirires sabedoria ? Que asneira é querer começar a viver numa altura em que a vida está prestes a terminar ! Que estúpido é ignorar a nossa própria mortalidade, adiar os planos para quando formos velhos, para uma idade a que muito poucos chegam !

O divino Augusto, a quem os deuses agraciaram mais do que a qualquer outro mortal, nunca deixou de aspirar a um merecido descanço, por ter alivio do peso que a sua posição lhe fazia carregar . Quando falava voltava sempre a este tema : A sua esperança em poder um dia descançar. Ele embelezava as suas labutas consolando-se com a ideia, doce porém falsa, que a altura viria em que poderia fazer apenas o que lhe desse prazer. Numa carta que escreveu ao Senado, e após garantir que à sua saída da vida pública não faltaria dignidade, nem que seria incompativel com as suas glórias passadas, escreveu as seguintes palavras :” Mas é mais importante fazer as coisas como devem ser feitas do que apenas  promete-lo. Contudo, uma vez que essa maravilhosa realidade ainda está bem distante, o meu anseio por esse tempo é porém tão intenso que me leva a antecipar alguns dos seus encantos pelo simples prazer de neles falar.” Ele, que compreendia que tudo dependia dele somente, desde o destino de um só individuo ao de nações inteiras, só ficava realmente feliz quando imaginava o dia em que poderia renunciar à sua grandeza(...)

(1)- Hipocrates

(a continuar)        

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Choque e Surpresa na Foyles



















Em 1903 dois irmãos, William e Gilbert Foyle, abriam na Charing Cross Road, em Londres, uma livraria que ainda hoje se encontra no mesmo local e que com o tempo se tornou numa verdadeira lenda, chegando mesmo a transformar-se numa atracção turistica. Não só pelo tamanho, apesar de ser tida como a maior do mundo, com os seus cinquenta quilometros de prateleiras onde cabiam 200.000 volumes, mas também pela exasperante e magestática indiferença com que tratava a clientela, insistindo em funcionar em moldes completamente insanos. Começava por os livros não estarem ordenados alfabéticamente, nem por titulo nem por autor, mas sim por editora. O espectáculo diário era verem-se grupos de compradores vagueando como almas penadas pelos corredores com um ar vagamente aparvalhado à procura do seu santo graal. Mas as dificuldades não acabavam aqui porque o cliente, após a inenarrável alegria de ter encontrado o que procurava, ainda tinha de sofrer mais tratos de polé : Primeiro era necessário ir para uma longa fila onde era emitida a respectiva factura e onde o livro desaparecia das suas mãos ansiosas ; seguia-se nova fila onde se pagava, mas havia ainda que suportar aquela que seria a terceira e onde se assistiam aos comoventes momentos em que o comprador e a sua compra se viam finalmente juntos de novo. Muitas vezes pensei que se a razão para tudo isto se devia a que na realidade a Foyles o que não desejava era separar-se dos seus queridos livros, e que lá no amago das suas labirinticas entranhas muitas lágimas amargas deviam ser vertidas em cenas de lancinantes despedidas. Mas era incontornável, os seus almoços literários eram um acontecimento impar onde celebridades, autores e politicos não faltavam, incluindo todos os Primeiros-Ministros desde os anos quarenta, alguns destes por mais de uma vez, como Margaret Thatcher e Tony Blair.

Mas havia ainda uma razão pela qual a Foyles era insubstituível : Imagine o leitor que procurava uma obra sobre um assunto hermético e obscuro e que nem as suas preces a Santa Rita de Cássia conseguiam que encontrasse o que procurava, nem mesmo rezando também a Santo Expedito e a S. Judas Tadeu, (porque nestes momentos há que experimentar tudo), e apesar de todos possuírem uma establecida reputação de serem especialistas em fazer verdadeiros milagres, ou não fossem eles santos, quanto a resultados nada, rien, zilch. Então era só ir a Charing Cross e fazer a encomenda que a Foyles trataria de encontrar a obra nem que fosse numa pequena livraria no bairro de Palermo em Buenos Aires, ou num velho alfarrabista com loja nas margens do Yang-Tsé.

Pois num dia não muito distante em que absorto dava uma volta pelas estantes, distraídamente lendo as lombadas, inesperadamente deparei com um titulo que dizia: “Usos invulgares para o Azeite”. Segui, não parei, porque tendo eu sido nado e criado à beira Tejo, acho que sei uma ou duas coisas sobre o assunto, e não seria certamente alguém desta terra que me iria ensinar fosse o que fose, quando este produto ainda nem há uma duzia de anos só se vendia nas farmácias . Concluí que seria mais uma manifestação da mania colectiva com a gastronomia que atacou ultimamente esta nação, e onde até os próprios pubs que dantes serviam por pouco dinheiro um honesto roast ou sausages and mash acompanhados por uma caneca de lager, agora deram em transformar-se em gastro-pubs com ementa e tudo, e em que ao cliente desprevenido é perguntado se para acompanhar a refeição prefere um tinto merlot ou shiraz. O Observer publica ao Domingo uma lista dos livros mais vendidos e na secção de não-ficção o leitor constatará que metade são livros sobre culinária e a outra metade são livros sobre dietas. Ora se isto não é pura esquizofrenia então não sei o que será. Já não falando dos programas de televisão com, entre muitos outros, o insuportável Jamie Oliver que nos entra constantemente em casa para nos ensinar em poucos minutos em como preparar um banquete com uma cebola, duas batatas, um dente de alho e meia lata de atum, e tudo isto enquanto não pára de falar pelos cotovelos. Uma outra, a Nigella Lawson, é pelo menos bonita que se farta, e mesmo que o estomago não se venha a deliciar com as suas receitas, gozam os olhos vendo-a atarefada entre tachos e panelas, o que convenhamos não é coisa despicienda.

Mas voltando ao livro, acontece que continuei a matutar na coisa, e de tal maneira não me saía da cabeça o despautério de um inglês se atrever escrever sobre o nosso muito amado azeite, que me dei ao trabalho, (e despesa), de voltar para o comprar, quanto mais não fosse para com conhecimento de causa poder escrever uma carta ao director do Times a desancar o autor.

Ele há coisas do diabo como toda a gente sabe, e maldita a hora em que tomei essa decisão porque, entre as aparentes inócuas páginas do «Unusual Uses For Olive Oil», o autor Alexander McCall Smith, relata factos cujo conhecimento me provocou um profundo abalo, coisa a que a minha idade não aconselha de todo.

Surpreendente ? Inesperado ? Infelizmente muitíssimo mais do que isso, pois li coisas absolutamente chocantes, completamente schrecklich ! Mas eu conto :

Provavelmente não terão os leitores ainda ouvido falar no Professor Dr. Moritz-Maria von Igelfeld, autor da magnum opus da filologia, o tratado intitulado “Os Verbos Irregulares Portugueses”, o qual infelizmente também não devem conhecer. São mil e duzentas páginas da mais pura erudição e um sucesso editorial com mais de duzentos exemplares vendidos, e o Prof. Dr. von Igelfeld é indisputávelmente não uma autoridade sobre o assunto, mas sim a autoridade.

Tudo começou com um aparentemente inocente artigo publicado no “Zeitschrift fur Romanische Philologie” que é uma publicação trimestral, de indispensável leitura para quem se quer dedicar com um minimo de seriedade à filologia. Coisa aborrecida, monotona, incapaz da minima alteração da equanimidade de seja quem fôr, pensará quem lê . Pois se pensava enganou-se: Porque se o mundo da filologia parece uma lago de águas tranquilas elas apenas o são à superficie, e o estimado leitor não imagina os monstros que redemoínham nas suas profundezas, como irá ver de seguida.

Acontece que há já largos anos um industrial alemão com gosto pelas questões linguisticas, instituiu um prémio anual a atribuir ao melhor ensaio publicado sobre linguas românicas. Chamar aos filólogos “ratos de biblioteca” é uma desnecessária crueldade, porque numa só coisa a eles se assemelham que é a de também viveram à mingua, sobrevivendo com os parcos recursos, as poucas migalhas, que uma sociedade ingrata lhes atira, e portanto o prémio de que falo, e que seria talvez achado irrisório pela maioria, é para eles um real conforto para as algibeiras.

Mas voltando ao assunto, tratava-se na altura de fazer a short-list dos candidatos ao prémio desse ano e o primeiro nome escolhido foi o do Professor J.G.K.L. Singh da Universidade de Chandigarth. O Prof. Singh era uma estimável pessoa, talvez um tudo nada para o calado, entediante mesmo, mas ninguém tem culpa de ser introvertido e o Prof. Dr. von Igelfeld não andou nada bem ao pôr-lhe a alcunha de o grande chato de Chandigarth, quando ainda por cima tinha telhados de vidro, porque “Igel” em alemão quer dizer porco-espinho e “feld” quer dizer campo ; logo não foi prudente que o Prof. Dr. “Campo de Porcos Espinhos” alcunhasse seja quem fosse, a menos que quisesse ficar ele próprio a ser chamado, (nas suas costas, óbviamente), “Professor Porco Espinho”, como realmente aconteceu. E tudo isto fez com que começasse a haver mau ambiente nas reuniões, e o Prof. Thomas Simpson de Oxford, uma figura conceituada no campo das consoantes mudas, levava frequentemente a sua inclinação para o sarcasmo longe demais com as suas piadas aceradas, o que estava longe de melhorar as coisas.

O segundo nome escolhido foi o do Professor Antonio Capobianco da Universidade de Parma, autor de uma obra sobre o subconjuntivo no italiano do Sec. XVII, obra essa que o Prof. Von Igelfeld classificou sumáriamente numa critica como sendo “ephemera”, o que não fez nada bem à estima mutúa como calculam.

O terceiro e último nome foi o do Prof. Dr. Detlev-Amadeus Unterholzer do Instituto de Filologia Românica de Regensburg, e por coincidencia também autor de uma reputadíssima obra sobre os verbos portugueses que lhe trouxe grande fama internacional, a si próprio e ao seu Instituto.

O Prof. Unterholzer foi durante muitos anos assistente do Prof. Igelfeld, e toda a gente sabe que o primeiro tem um longuíssimo rol de agravos, ofensas e desconsiderações de que foi vitima por parte do seu antigo chefe. Não seria exagero dizer-se que o Prof. Unterholzer nutre por ele um intenso rancor, e é de admitir-se que muito provavelmente lhe venham frequentemente à cabeça planos para uma crudelíssima vingança.

Está portanto montado o palco e os principais actores estão em cena. Ao leitor não custará pressentir o drama que se irá desenrolar, e a que voltarei noutra ocasião, se para tal não me faltar o animo.

Aos mais impacientes, que se perguntam principalmente onde e como entra o azeite nesta trama, aconselho calma, e aqueles que se sentem devorados pela curiosidade e incapazes de esperar, sempre podem procurar o livro “Unusual Uses for Olive Oil” de Alexander McCall Smith, avisados que estão do abalo que a leitura lhes poderá causar.










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