A Gazeta do Middlesex

Finis Patriae

6/5/2014

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                                                        FINIS PATRIAE



 O ultimato inglês de 1890 causou uma profunda onda de revolta popular a que Guerra Junqueiro deu forma no seu opúsculo “Finis Patriae” no qual ataca o Rei D. Carlos pela sua, segundo o autor,  tibieza perante a agressão da “pérfida
Albion” e onde descreve as misérias pátrias para prever o seu inexorável fim.


Mas Junqueiro termina no entanto com uma nota de esperança fazendo um apelo à juventude para que esta tenha o animo para conseguir resgatar Portugal do abismo.


 
Recém chegado leio com incredulidade que a Troika planeia uma visita a Portugal no  dia das eleições sob o pretexto risível de realizar uma “conferencia” no que não passa de uma manobra de apoio público aos seus capatazes no governo do país.
Seria impossível maior demonstração de desprezo pelo Povo Português , maior insulto à dignidade nacional, se esta existisse, que esta visita  como se Portugal não passasse de um Zoo onde se vem atirar uns amendoins aos macacos.


Dirão que Portugal não passa de um protectorado e que não lhe resta alternativa senão aguentar esta ignomínia. Mas outros protectorados houve no passado cujos nacionais por não terem alma de lacaios mantiveram a dignidade tendo por isso direito  ao respeito dos opressores. Ghurkas e Sihks na Índia, Tchetchenos e Cossacos no Império Russo, só para citar alguns mais antigos, são disso exemplo ainda hoje bem vivo. 


Mas no entanto em Portugal “no passa nada” e a vida segue tranquila sem um único sobressalto, com as “judites” e os “rodrigues dos santos” e colegas a continuar nas suas paródias ao jornalismo, e um povo imbecilizado por doses cavalares de tele-novelas e futebol alheio ao verdadeiro escarro que acaba de receber na face.


E nações há que se extinguem. Por falta de amor-próprio, de auto-estima ou simplesmente por não terem mais vontade de viver tendo por isso, como Junqueiro escreveu, “morrido na História”.


E em Portugal hoje encontram-se jovens e velhos, trabalhadores e desempregados, funcionários públicos e  do privado, ricos e pobres, mas não portugueses, e quando é assim então a vida quotidiana pode seguir com aparente normalidade mas as pessoas  não passam de zombies.


E se Guerra Junqueiro voltasse à vida para reescrever a seu panfleto não poderia terminar com o mesmo apelo à juventude pois a de hoje, como a nauseante pratica da praxe demonstra, perdida está e com ela o futuro.


E agora é mesmo, inapelavelmente : ”Finis Patriae”.

2 Comments
José Eduardo Mila
8/5/2014 07:41:14 am

Pois é amigo Manel . Acompanho a tua indignação. Essa maltosa gosa com o pagode e, põe-se mesmo a geito para o aparecimento de Ukip e quejandos na Europa.

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Fernando Vouga link
10/5/2014 02:48:04 am

Caríssimo amigo

Concordo inteiramente consigo e lamento que tenhamos chegado tão perto do fim. Mas este é inevitável, quanto mais não seja, pelo desastroso índice na natalidade. Daqui a poucas décadas, o nosso território, que talvez se continue a chamar Portugal, será povoado por gente que nada tem a ver com a nossa História ou identidade nacional. Ninguém mais saberá quem foi D. Afonso Henriques ou Luís de Camões.

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