A Gazeta do Middlesex

Guiné-Lisboa

25/11/2014

4 Comments

 

                       A  GAZETA  DO  MIDDLESEX

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                                            GUINÉ LISBOA



                                 (...foi detido no Aeroporto de Lisboa quando se preparava
                                 para  abandonar  o  país  o  antigo   Primeiro-Ministro

                                 Português  José Socrates, numa  operação realizada com
                                 grande discrição e que só foi conhecida horas depois ...)



Teria sido assim noticiada a prisão de Sócrates caso tivesse acontecido noutro país da Comunidade Europeia ou num dos do chamado primeiro Mundo, mas não em Portugal. É escusado assinalar as diferenças entre o que realmente aconteceu e o texto desta suposta noticia, de tão gritantes que elas são, e que resultam afinal daquilo que separa um Estado Democrático e de Direito de um Estado falhado.

Noutros tempos o preso teria sido conduzido à Rua António Maria Cardoso onde seria sujeito a longos interrogatórios, igualmente sem a presença do seu advogado. Devido ao que se passou fica hoje, como antigamente, inquinada a presunção que lhe será garantida uma boa defesa, aquela que só é possível quando a Justiça é universalmente respeitada por ser pronta, livre e isenta, garantindo ao acusado todos os seus direitos legais e de cidadania. O completo descrédito em que caiu a Justiça Portuguesa responde com clamor a esta questão.

Dizem os Jornais que a prisão preventiva de Sócrates pode ir até 2018, sem que seja lhe deduzida qualquer acusação, existindo aliás a possibilidade de esta ser prorrogada para além dessa data. Tendo sido levado para uma cadeia em Évora, irá assim o Povo Português  ter de passar pela ignomínia de na planície alentejana vir existir uma espécie de prisão de Guantanamo à portuguesa?

Quem disse que os Tribunais Plenários pertenciam ao passado e que as medidas de segurança eram coisas sinistras de má memoria ?

Cui bono ? É a alocução latina que vem à memória. A quem aproveita? A quem aproveita que a prisão de Sócrates tivesse ocorrido de maneira a ter o maior impacto mediático possível obtendo os resultados políticos que se sabem? A quem aproveita que a certos media fossem fornecidas previamente informações, que estando protegidas por segredo de justiça em segredo deveriam ter continuado, e sem que isso tenha provocado no Ministério Público e no Juiz de Instrução o mínimo sobressalto?

A quem aproveita , apesar de não se vislumbrarem diferenças substantivas entre a gravidade dos crimes de que Sócrates é acusado e as dos que são imputados a outros: Salgado, Rendeiro, Oliveira e Costa, Duarte Lima e demais, que a Justiça seja com estes moralmente complacente e guarde o rigor apenas para o antigo Primeiro-Ministro?

Ler as caixas de comentários dos Jornais sobre este caso é ter uma desesperante medida de como a maioria do Povo Português pensa. Rápidamente tudo se tornou num jogo de futebol entre os que são contra e os que são a favor de Sócrates. Incapazes de reflectir sobre as coisas e de portanto formar uma opinião, a maioria atinge no futebol o nivel máximo a que intelectualmente é capaz.

Mas a outros pede-se mais, muito mais.

Ao Juíz Carlos Alexandre exige-se, por exemplo, que tenha presente que é perfeitamente possivel que alguém seja completamente culpado e que venha a ser julgado e condenado de uma forma completamente injusta.

4 Comments
Fernando Vouga link
27/11/2014 01:55:44 am

Caro amigo

A desgraça começa quando se torna possível a um arrivista, armado em chico-esperto, enrolar tudo e todos até chegar a PM.
Lamento o espectáculo mas, a meu ver, a criatura merecia-o. Ele próprio, regressado de paris, tudo fez para dar nas vistas.
Por outro lado, ele tem sempre conseguido escapar à Justiça. Mas desta vez, depois desta prisão rocambolesca e badalada, vai ter muita dificuldade porque a Justiça vai fazer tudo para ganhar o caso. Porque se não o conseguir, vai ser o descalabro total. Não pode mesmo falhar.

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manuel.m
27/11/2014 02:54:20 am

O que não pode mesmo falhar é que a Justiça seja tida como isenta e idonea. O que não pode mesmo falhar é que a procura da verdade se sobreponha a quaisquer outras considerações.
Porque a não ser assim então estará realmente tudo perdido, e não apenas a sorte deste ou daquele arrivista, como lhes chama.

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Fernando Vouga link
27/11/2014 05:27:17 am

Em Portugal tudo começa inquinado à partida. No fundo, ninguém leva tudo a sério, talvez por falta endémica de profissionalismo.
Mas acredito no ditado popular em que se diz que a verdade vem sempre à tona da água.

manuel.m
27/11/2014 08:35:05 am

Pois é. Mas a virgindade uma vez perdida, perdida fica para sempre. Foi o que aconteceu devido à inacreditavel incompetencia e leviandade com que as autoridades trataram este caso. Isto no minimo.

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