A GAZETA DO MIDDLESEX
SONNETS FROM THE PORTUGUESE
SONETOS DA PORTUGUESA
Sonnet- Soneto
43
How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of being and ideal grace.
I love thee to the level of every day’s
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for right;
I love thee purely, as they turn from praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints. I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life; and, if God choose,
I shall but love thee better after death.
Amo-te em todas as infinitas dimensões
Que minha alma atinge quando procura alcançar
A plenitude do Ser e da divina Graça.
Amo-te cada dia do mesmo modo,
Tranquilamente, à luz do Sol e das velas.
Amo-te livremente como quem procura o Bem;
Amo-te com a pureza dos que vêm das suas preces.
Amo-te com a paixão com que vivi
Minhas antigas dores e com a fé da minha infancia.
Amo-te com um amor que parecia perdido
Quando deixei de ter fé nos meus Santos-Amo-te como respirei,
Com os sorrisos e lágrimas de toda a vida- E Deus querendo,
Para além da morte ainda mais te amarei.
Elizabeth Barret Browning, (1806-1861), foi um das mais famosas poetizas Inglesas de sempre.
Casada com o também poeta Robert Browning, (1812-1899), dedicou-lhe 44 sonetos que ficaram na história da literatura Inglesa sob o nome “Sonnets from the Portuguese” , sendo tidos como sendo os melhores desde Shakespeare.
Particularmente o Soneto 43, com a sua primeira estrofe “How do I love thee? Let me count the ways”, é um dos mais populares da literatura Inglesa, declamado incontáveis vezes nos momentos mais românticos.
Mas porquê o nome “Sonnets from the Portuguese”?
Elizabeth considerava que os poemas eram de natureza demasiado intima para poderem ser publicados, mas perante a insistência do marido decidiu usar um disfarce.
Aí contribuíram vários factores levando a que o nome de Portugal tenha ficado para sempre ligado a esta obra poética:
Primeiro Elizabeth era franzina e trigueira, o que fazia com que Robert Browning a tratasse carinhosamente como “a minha portuguesinha “. Por outro lado a autora tinha uma grande admiração por Camões e pelos seu sonetos, que eram também conhecidos como “Sonnets from the Portuguese” . Aliás a estrutura poética é idêntica em ambos.
E como se não bastasse, poemas ou cartas de amor evocavam inevitavelmente as “Lettres Portugaises”, atribuídas a Mariana Alcoforado. Aliás “une Portugaise” tornou-se sinónimo de carta ou poema de amor.
E os sonetos de Elizabeth Barret Browning ficaram mesmo para a posteridade com o nome “Sonnets from the Portuguese” !
PS: Evoco a infinita benevolência do leitor para a tradução que foi livre, para não dizer libérrima!
Já agora é curioso mencionar que recentemente, (2006), um livro de Myriam Cyr defende que a autoria das “Cartas”, sempre motivo de acesa polémica, é mesmo de Mariana Alcoforado.