A GAZETA DO MIDDLESEX
MONEY TALKS
Há duas semanas atrás Michel Barnier, o negociador-chefe pela UE no Brexit, garantia peremptório que não seria possível passar à fase seguinte das negociações enquanto o Reino Unido não apresentasse uma solução para o problema da fronteira entre as Irlandas. Dramático, avisava : “A Grã-Bretanha tem apenas duas semanas para apresentar uma proposta exequível que evite uma fronteira física entre a Republica e o Ulster !”
Ontem mesmo ele e David Davis, que tem o mesmo papel pelo Reino Unido, anunciavam exultantes que tinham conseguido o tal acordo para prosseguir as negociações. Quanto à questão Irlandesa aos costumes disseram nada. Mas os Britânicos conseguiram uma concessão importante ao lhes ser dado um prazo até 31 de Dezembro de 2020 para “se prepararem melhor” para os efeitos do Brexit, que acontecerá, é bom lembrar, a 19 de Março de 2019. Entre as duas datas tudo ficará mais ou menos na mesma.
Há é verdade o pequeno detalhe de no Tratado de Lisboa estar estabelecido o prazo de dois anos para, uma vez evocado o famoso artigo 50 pelo Estado membro que pretende sair da União, essa saída se tornar efectiva. Como aqui os prazos não se tornaram “meramente indicativos” como na Justiça Portuguesa, ( a rebaldaria ainda não chegou a tanto…), há que emendar o Tratado o que acontecerá na próxima Sexta-Feira na reunião plenária dos Chefes de Estado e Governo da União.
Com a Frau Merkel outra vez com Governo, com o SPD novamente a servir submisso de muleta e com Macron mandado calar, não lhe será difícil a montar o numero de circo “Angela e os seus 26 cãozinhos amestrados” que aprovará tudo o que lhe puserem à frente.
É que, já devem ter percebido, se o Brexit é mau para os negócios então é péssimo para o sector financeiro. Não serão certamente alguns detalhes a que chamam, talvez exageradamente, “Princípios Fundadores” da UE a perturbar o suave fluir do business as usual.
Money Talks. O dinheiro fala, e agora vai falar muito mais alto.