A Gazeta do Middlesex

O que Pareto diria hoje

26/1/2017

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                              O QUE PARETO DIRIA HOJE?

Em 1848 nascia em Paris Fritz Wilfried Pareto, filho de pai aristocrata Italiano que se tinha exilado em França fugindo à repressão que se seguiu ao golpe falhado de 1833 liderado por Giuseppe Mazzini, o herói do movimento para a unificação de Itália, e de mãe de nacionalidade Francesa. O nome alemão traduzia a admiração do pai pela revolução que entretanto tinha eclodido na Alemanha e que lutava também pela unificação desse país. Regressada a família finalmente a Itália em 1858, o jovem Fritz viu o seu nome latinizado para Vilfredo Federico, e foi com ele se tornou universalmente conhecido.
Engenheiro, Sociólogo, Filosofo, Economista e especialista em Ciência Política, Pareto cedo se interessou pelo problema do poder e da riqueza. Como é que se adquirem e como se distribuem ?

Se é verdade que a diferença entre ricos e pobres sempre existiu, ele foi o primeiro a fazer um esforço sério para a medir. Inspirado pela sua descoberta que em Itália 80% das propriedades agrícolas pertenciam a 20% dos agricultores, consultou os registos dos impostos da Alemanha e da Suíça, desde o Séc. XV e XVI até à actualidade, e os da Grã-Bretanha, Prússia, Saxónia, Irlanda e Itália, encontrando sempre a mesma proporção 80%-20% na distribuição da riqueza. Curiosamente descobriu também que no seu quintal 20% das vagens de ervilhas produziam 80% do total !
Nasceu assim o Principio de Pareto, também conhecido como a regra 80/20.
Mas Pareto foi também o responsável pelo termo, hoje de uso banal, elites, como designando a minoria que detém o poder. Mas Pareto usava o termo em sentido lato, defendendo que em toda a actividade humana existe uma elite, seja ela a de advogados, políticos ou trabalhadores manuais, e que mesmo existirá uma elite de ladrões.

Claro que a elite que detém o poder económico e político era a que mais o interessava, defendendo que existirá sempre uma elite que governa, que existirá sempre o domínio de uma minoria sobre a maioria mas que, crucialmente, a História nada mais é do que a crónica de uma elite sendo substituída por outra, no que Pareto chamava “a circulação de elites”. Quando a elite existente entra em declínio, ela é substituída por outra, ou por assimilação ou por revolução, mas resultando sempre na eliminação da velha elite.
Pareto classificou as elites governantes em dois tipos distintos: As raposas, que são aquelas que governam usando o engano, a esperteza e a manipulação e cujo mando é caracterizado pela descentralização, pluralismo, cepticismo e que resiste a empregar o uso da força, e a dos leões, que pelo contrário promovem a unidade e a homogeneidade racial e religiosa e não hesitam em usar a força para impor os seus princípios.

Não é preciso um grande esforço de imaginação para encontrarmos quais serão as raposas do dia de hoje, como sendo aquelas que defendem a globalização e o liberalismo como meio de criar um Mundo interconectado e tolerante, e na sua recusa em aceitar o neo liberalismo e o lucro como fim ultimo da actividade humana.

Pelo contrário os leões, são a reacção e o fechamento da sociedade sobre si própria, o aumento da xenofobia, intolerância, racismo e conservadorismo.
Para Pareto, leões e raposas, são dois tipos distintos de governar e a grande questão é saber-se qual, em dada altura, domina a outra.
Nos anos 20 Pareto, cada vez meis desiludido com a situação em Itália e com o modo em como era governada, criou o termo plutocracia demagógica para caracterizar um período em que os ricos governavam por detrás de uma fachada democrática, estando mais interessados em sugar a riqueza nacional em proveito próprio do que na sua criação.

Seria interessante conhecer o que diria hoje ao saber que a sua regra 80/20 se transformou naquilo que se chama o “ um por cento”: Uma concentração da riqueza inimaginável um século atrás, com “um por cento” da população Americana detendo 99% da riqueza.
Recentemente foi publicado que 6 indivíduos são donos de tanto como o que metade da população mundial possui. Vem à memória o velho slogan “O que é bom para a General Motors é bom para a América”: Com um plutocrata como Presidente dos Estados Unidos, que chamou ao seu governo outros plutocratas como ele, e que afirma claramente que tenciona governar o país como se de uma grande corporação se tratasse, não é difícil imaginar o futuro que nos espera, uma vez que não se vê como, desta vez, que a actual elite governante, tal o seu poder, possa um dia ser substituída por outra.

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