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8/4/2018

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                                OS PLANOS DO PENTÁGONO

                         (COMO IMPEDIR O RESURGIMENTO DE UM NOVO RIVAL)


A 7 de Março de 1992 o New York Times publicou excertos dos planos de defesa do Pentágono para o quinquénio 1994-99 que lhe tinham sido fornecidos por fonte anónima. Esses planos ficaram conhecidos como a Doutrina Wolfowitz, de Paul Wolfowitz, então Sub-Secretário da Defesa. A sua publicação levantou uma enorme celeuma, considerando-se que esses planos delineavam uma estratégia imperialista onde se defendia o unilateralismo e acções militares preventivas de modo a impedir o surgimento de potenciais ameaças e a elevação de qualquer outra nação ao estatuto de grande potencia.

A controvérsia foi de tal ordem que a versão oficial dos planos, que só foi publicada em 16 de Abril de 1992, sob a supervisão do Secretário da Defesa Dick Cheney, acabou por ser largamente expurgada das suas propostas mais polémicas, que acabaram no entanto por ser incorporadas mais tarde na chamada Doutrina Bush. Dela disse o Senador Edward Kennedy: “ Ela é, ( a Doutrina Bush), um mapa para o imperialismo Americano no Séc.XXI, que nenhuma outra nação pode, ou deve, aceitar”.
Olhando para a situação vivida em 2018 não parece possível concluir que a Doutrina Wolfowitz, bem como a Doutrina Bush, não estejam hoje a ser plenamente aplicadas.

Objectivos estratégicos

1 - O estatuto de super potencia

“ O nosso primeiro objectivo é prevenir o ressurgimento de um novo rival, quer seja no território da antiga União Soviética, quer noutra localização. Este é o principio básico que rege a nossa estratégia de defesa regional e que requer da nossa parte a determinação de impedir que uma potencia hostil possa dominar uma região cujos recursos, se estiverem sob um controle consolidado, possam gerar uma potencia de ordem global.
…
“São três os aspectos adicionais para se atingir este objectivo. Primeiro, os Estados Unidos devem demonstrar suficientes capacidades de liderança para criar e manter uma nova ordem suficientemente poderosa que possa convencer os potenciais concorrentes que não devem aspirar a ter um papel mais importante, nem prosseguirem acções agressivas na defesa dos seus legítimos interesses.”

2 – A ameaça Russa

“...Temos de admitir que as forças convencionais dos Estados que faziam parte da antiga União Soviética ainda possuem globalmente a maior força militar da Euroásia; e não menosprezamos os riscos para a estabilidade da Europa de uma possível reacção nacionalista na Rússia, com tentativas de reincorporar os recém independentes Estados da Ucrânia, Bielorrússia, e provavelmente outros. Devemos ter presente que as mudanças democráticas na Rússia não são irreversíveis e que, apesar das dificuldades que esta presentemente atravessa, continua a ser maior potencia militar na Euroásia e a única que tem capacidade para destruir os Estados Unidos...”

“...no futuro imediato a principal preocupação para os EUA é a capacidade da Rússia, e de outras republicas, para levar a cabo a desmilitarização, convertendo as suas industrias militares para a produção de bens civis, procedendo também à eliminação ou, no caso da Rússia, à redução drástica do seu arsenal nuclear...”
….
“...A Nato continuará a assegurar a indispensável base para garantir uma segurança estável na Europa. È portanto fundamental preservar a Nato como o principal instrumento que garanta essa defesa e estabilidade, bem como o meio que permite aos Estados Unidos ter influencia e participação nas questões da segurança Europeia...”
….
“… ao mesmo tempo que os Estados Unidos apoiam a integração Europeia, deveremos impedir a emergência de uma força de defesa apenas Europeia, que poderia diminuir o papel da Nato ao reduzir a importância do comando unificado da Aliança no teatro de operações do Centro-Leste Europeu.”

“...A melhor maneira de trazer para o lado do Ocidente os Europeus do Centro-Leste, estabilizando as suas instituições democráticas, é fazê-los participar nas organizações políticas e económicas. Na primeira oportunidade deve-se admitir esses países na UE e expandir a Nato para Leste...”

“… Os EUA deveriam considerar dar também aos Estados do centro-leste da Europa as mesmas garantias de defesa que actualmente gozam os Estados do Golfo Pérsico...”

3 – Irão e Síria

“… no Médio Oriente o nosso objectivo global é manter-mos-nos como a potencia predominante na região e preservar o acesso ao petróleo...”

“...como ficou demonstrado continua fundamentalmente importante impedir o surgimento de uma força hegemónica, ou uma aliança de forças, que possa dominar a região. Esta questão é particularmente importante no que toca à península Arábica...”

Uma Palavra final:

Noticia-se hoje que as forças Sírias leais a Assad utilizaram mais uma vez gases contra as populações civis. Desta vez, como das outras, foram utilizados, não produtos tóxicos sofisticados, mas gases à base de cloro que tiveram a sua “estreia” há um século atrás nas trincheiras da Flandres.
Este ataque foi feito abertamente e ao alcance dos media ocidentais: As televisões passam constantemente imagens excruciantes de crianças, (sempre só crianças), a sofrer terrivelmente devido aos efeitos desses gases.
Mas os ganhos militares, a terem havido, são negligenciáveis. Travam-se os últimos combates e o fim da guerra está à vista com a vitória do Governo Sírio.
Mas os custos políticos para o regime de Assad são imensos, como imensa é a condenação da Rússia pelo apoio que lhe dá.
Cria-se assim um imperativo moral para que os Estados Unidos tomem a iniciativa de atacar as bases militares Russas na Síria o que, conseguida a diabolização da Rússia, (Salsbury incluída), foi sempre o objectivo final.
E se duvidas houvesse compare-se com as reacções pelo assassinato pelo exército Israelita de dezenas de manifestantes civis desarmados, (incluindo mulheres e crianças), na Faixa de Gaza.
Que Governos condenaram ? O Britânico não.



"A Armadilha de Tucídades" será o assunto do próximo post


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