RASKOLNIKOV
Vive numa modestíssima habitação em S. Petersburgo bem longe da glória a que se acha destinado. Narcisista e possuído por um intenso complexo messiânico é no entanto intelectualmente medíocre falhando a carreira universitária que ambicionava. Um acaso porém vem permitir que possa por em prática as suas teorias, ao descobrir que uma prestamista da vizinhança, Alyona Ivanovna, guarda na sua loja uma elevada quantia.
Raskolnikov concebe a Sociedade dividida em dois grupos, aqueles que possuem qualidades extraordinárias e aqueles que falhos delas são um estorvo e estão destinados a viver em submissão.
Pelo contrário os primeiros, os super homens ou Ubermenschen, tal como Hegel os definiu, são aqueles que devido aos seus talentos são capazes de conceber um novo mundo e que por isso têm o poder de estar acima da lei e de afastar tudo aquilo que os impeça de atingir os seus objectivos.
Todos esses grandes homens têm o dever de não se submeter às leis ordinárias, porque ao fazê-lo deixariam de ser grandes. Pelo contrário, pelo poder da sua férrea vontade criam novas e com elas outras realidades.
E Raskolnikov rouba um machado e assassina a prestamista, para obter o dinheiro destinado a realizar os seus planos grandiosos, num acto para ele nobre e inteiramente justificado.
Este personagem de Dostoievski não cessa de reaparecer na pele de vários figurantes, alguns dos quais cujos passos ainda ecoam, por exemplo nos corredores da Chancelaria ou nas salas do Palácio Poteshny
Em podendo o mal que causam é imenso, até que alguém os faça parar.