A GAZETA DO MIDDLESEX
“The New European”, o Jornal dos “48%”, tantos foram os que votaram pela permanencia na UE. Com humor, felizmente com o ainda indestrutível humor Britânico, o que se mostra é não só uma iniciativa inédita de Jornalismo talvez a aprender com, mas sobretudo em como o debate sobre o resultado do referendo se tornou num dialogo de surdos entre duas metades irreconciliáveis da Nação Britânica. A ler e a meditar.

“Brexit”, disse ela com firmeza, “significa Brexit.” (1) Sim, Mrs.May. Mas o que significa exactamente o Brexit ? A Grã-Bretanha parece ter sido apanhada num vendaval de incertezas- o ambiente está cheio de ideias e decisões que mudam constantemente e todas elas potencialmente arriscadas. Aquilo que tínhamos como sólido e inamovível foi arrancado pela raiz e feito em fanicos. O “New European” apareceu nesta situação com uma pressa nunca vista- a decisão em publicar foi tomada na quarta-feira seguinte à votação e o nosso primeiro exemplar chegou às bancas nove dias depois. Nunca na história dos media Britânicos, (ou, tanto quanto julgamos saber, em qualquer outra parte), foi um jornal nacional lançado com tanta velocidade. Nove dias apenas entre a formalização da decisão e o primeiro exemplar à venda não é só nunca visto, é ridículo. Num mundo cheio de exemplos de informação gratuita, decidimos pedir um preço razoável pelos nossos conteúdos- £ 2- porque acreditamos que as pessoas dariam valor a um jornalismo de alta qualidade e que iriam considerar o preço como se fosse a quota de um clube pelo qual sentem verdadeira paixão. Escolhemos um formato não usual, o Berliner, que nos distingue dos outros e que valoriza o nosso aspecto e que dá também um certo ar continental. E, crucialmente, escolhemos publicar um jornal impresso com a divulgação feita pessoa a pessoa nos media sociais, preterindo, (até ver), o digital. Porquê ? Porque acreditamos que só a impressão chamaria a atenção para um novo titulo, que nasce com muito pouco marketing e zero publicidade, atenção essa indispensável se quisesse vir a ter sucesso. Acreditávamos que o New European “tinha” de ser um Jornal. Afinal de contas quem o compra quer ser visto com ele numa manifestação publica onde mora o seu coração. (É muito mais difícil demonstrar zanga andando com um laptop aberto em determinado site, e além disso a pessoa pode ser roubada. Nunca ninguém foi roubado por um Jornal.) Nas páginas 16 e 17 deste exemplar, Peter Mandelson (2), chama a atenção sobre o desequilíbrio entre os média que apoiaram o Remain e o Brexit. Na nossa modéstia pretendemos contribuir para reequilibrar as coisas. A qualidade do jornalismo e da opinião que fomos capazes de atrair nestas páginas- coisa nunca vista para um primeiro exemplar- foi extraordinária. Este jornal acredita que, se as passadas quatro semanas nos ensinaram algo foi que, e citando William Goldman” (3), ninguém sabe nada. Incluímos-nos nesse grupo. Tinhamos inicialmente decidido apenas publicar quatro exemplares - criando o que chamamos “pop-up publishing” - a ideia que um jornal pode ser uma coisa efémera, algo que aparece com o zeitgeist e desaparece com uma vénia logo que o interesse se desvaneça. E reacção dos leitores e dos comentadores dos media deu-nos o encorajamento suficiente para continuar a publicar até que o momento passe. E quando ele passar então pararemos, respeitando a ideia de “pop-up publishing”. O nosso sincero muito obrigado a todos aqueles que compraram e apoiaram e falaram sobre e na generalidade demonstraram entusiasmo pelo The New European e pelas ideias que levaram à sua criação. E também um muito obrigado a todos os que escreveram nestas páginas inspirando, irritando, provocando e distraindo os leitores. Foram uma voz importante neste importante e difícil debate que continuará. Brexit significa Brexit. Factos significam factos. Falar significa falar. E esperança significa esperança. Matt Kelly, Editor (1) Frase proferida por Theresa May no seu primeiro discurso como Primeiro Ministro (2) Antigo Ministro Trabalhista (3) Cineasta Norte Americano autor de “Nobody knows anything (except William Goldman)” |